![Kira Iaconetti estava a ser operada a um tumor no cérebro quando a acordaram para cantar](/assets/img/blank.png)
Há cerca de quatro anos Kira Iaconetti, de 19 anos, começou a notar que acontecia algo de estranho quando cantava e ouvia música.
“Era como se um interruptor se desligasse no meu cérebro”, conta. Com o tempo, Iaconetti, que desde os seis anos de idade sobe aos palcos para fazer musicais, deixou de conseguir processar as letras e as músicas e cantar.
A primeira reação foi pensar que se tratava de um problema mais comum, que poderia acontecer a qualquer artista profissional, falhas na voz e na audição de cerca de dois minutos — até porque quando passava Kira conseguir continuar a cantar durante o tempo que quisesse.
Mas a situação foi piorando. “Forçar-me a cantar depois destas falhas era extremamente difícil. Tornei-me incoerente, e comecei a gaguejar as palavras”, explicou.
A partir do momento em que as falhas passaram a ser constantes, Iaconetti decidiu voltar a consultar um neurologista. Foi aí que a jovem descobriu que os episódios que lhe afetavam a musicalidade eram convulsões desencadeadas pela música. Uma ressonância magnética, mais tarde, acabou por identificar uma massa do tamanho de um berlinde no lobo temporal do lado direito do cérebro. O tumor calcificado pressionava o seu córtex auditivo, o que explicava a ocorrência das convulsões durante as performances musicais.
A solução passava por uma cirurgia no cérebro, para remover o tumor, mas a localização do mesmo levou a que a equipa cirúrgica do Seattle Children Hospital adotasse uma abordagem inovadora e personalizada para planear a cirurgia e garantir que nenhuma das capacidades musicais de Iaconetti fosse afetada.
Com a colaboração de colegas de várias especialidades, o Dr. Jason Hauptman, o neurologista que acompanhou a jovem Kira desde o início, fez com que Iaconetti acordasse durante a operação e que cantasse para que a equipa conseguisse mapear a atividade cerebral e assim remover o tumor sem afetar áreas do cérebro que eram usadas para cantar.
“O nosso foco não estava apenas em tratar do tumor, mas em tornar vida dela melhor. Queríamos preservar as coisas de que ela gosta, a paixão por seguir uma carreira no teatro musical”, disse Hauptman.
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