Publicado com o título original de “La Viuda” (“A Viúva”), que veio a ser alterado pelo editor e a que Saramago disse nunca se ter habituado, a editora Alfaguara inicia assim as celebrações do centenário do escritor nascido em 1922.

“Hoje, quando se cumpre o centenário do autor, publica-se pela primeira vez em castelhano, respeitando o seu título original, esta história escrita por um jovem José Saramago, que antecipa o grande escritor que todos conhecemos. Nela está já presente a sua forma pessoal de olhar o mundo e algumas das características dos seus romances mais aclamados: a extraordinária força narrativa e uma personagem feminina inesquecível”, realça a editora.

Publicado em Portugal pela primeira vez em 1947, pela Editorial Minerva, ano do nascimento da filha Violante, o romance veio a ser reeditado pela Caminho 50 anos depois, numa versão que chegou à 10.ª edição. Desde então, também a Círculo de Leitores e, mais recentemente, a Porto Editora reeditaram a obra.

“Após a morte do seu marido, Maria Leonor, mãe de dois filhos, sente o fardo das dificuldades de administrar a sua herdade, as expectativas da sociedade e o férreo controlo do seu entorno. Depois de meses mergulhada numa profunda depressão, decide finalmente enfrentar a sua responsabilidade como proprietária das terras, mas o seu coração vive atormentado por um pecado secreto: apesar do luto, o seu desejo não se apagou”, pode ler-se na sinopse da obra disponibilizada pela Alfaguara.

Saramago reconheceu, mais tarde, não saber “como lhe veio a ideia de escrever a história de uma viúva ribatejana, a ele, que do Ribatejo sabia algo, mas de viúvas nada e, menos ainda, se existe o menos que nada, de viúvas jovens e proprietárias de bens que estão à vista de todos”.

As celebrações do Centenário de José Saramago, que vão ter início em novembro de 2021 e prolongar-se durante um ano, até à data em que o escritor completaria 100 anos, em 16 de novembro de 2022, devem receber o selo da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

As linhas gerais da programação foram divulgadas no início de junho, visando "consolidar a presença do escritor na história cultural e literária", em Portugal e no estrangeiro, e "prestar homenagem à sua figura como cidadão".

Entre as iniciativas já previstas estão cinco conferências sobre José Saramago, comissariadas pelo escritor argentino Alberto Manguel, bibliófilo, investigador e diretor do futuro Centro de Estudos da História da Leitura, a instalar em Lisboa.

Está também previsto que, no próximo dia 16 de novembro, quando o Nobel da Literatura completaria 99 anos, que 100 escolas do ensino básico promovam a leitura, em simultâneo, do conto infantil do escritor “A Maior Flor do Mundo”, numa parceria entre a Fundação José Saramago, a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura.

Ainda segundo o anúncio feito pela Fundação José Saramago em junho, está também previsto que, um ano depois, a 16 de novembro de 2022, 100 escolas do ensino secundário promovam igualmente a leitura de páginas de “Memorial do Convento” e de “O Ano da Morte de Ricardo Reis”.

Por ocasião do centenário de nascimento do escritor estão também previstas edições de José Saramago e publicações sobre a sua obra, em diferentes países e idiomas, como as "Conferências do Nobel", uma fotobiografia por Ricardo Viel e Alejandro García, com fotografias e inéditos, a par da edição eletrónica da mostra “José Saramago: A Semente e os Frutos” e da “Agenda José Saramago para 2022”, pela Imprensa Nacional, em parceria com a fundação.

Exposições e representações artísticas, entre as quais “Mulheres Saramaguianas: serigrafias e gravuras sobre personagens femininas de Saramago”, com textos de escritoras de língua portuguesa e espanhola e curadoria de Ana Saramago, a edição de uma moeda comemorativa do centenário de nascimento do escritor e um ciclo de cinema, com exibição de filmes adaptados ou baseados na ficção de José Saramago, pela Cinemateca Portuguesa, estão também previstos.

Espetáculos de dança, um concerto e o regresso da ópera “Blimunda”, de Azio Corghi e José Saramago, sobre o "Memorial do Convento", pelo Teatro Nacional de São Carlos, assim como peças de teatro a partir de textos do escritor, constam igualmente das primeiras linhas gerais do programa das comemorações, anunciadas em junho pela fundação.

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