Este “romance surpreendente do escritor japonês várias vezes apontado para Prémio Nobel da Literatura” só recentemente foi descoberto pelo grande público, uma vez que originalmente a história foi sendo publicada na edição japonesa da Playboy, ao longo de 1968, revela o grupo Porto Editora, responsável pela chancela Livros do Brasil.

Por isso mesmo, só agora, à semelhança de Portugal, é que o livro está a começar a ser publicado um pouco por todo o mundo.

A história centra-se num jovem publicitário, de nome Hanio Yamada, que, farto dos seus dias e depois de uma tentativa frustrada de suicídio, decide pôr um anúncio no jornal com o seguinte teor: “Vendo a minha vida. Pode utilizá-la conforme as suas conveniências”.

A partir desse momento, uma série de estranhas personagens começa a ir ao seu encontro, desde uma mulher vampira, até um grupo de espiões, passando por uma jovem viciada em LSD.

De peripécia em peripécia, entre o humor e a frieza, Hanio depara-se sucessivamente com algo que o impede de se desfazer da sua existência.

“Original, irreverente, jocoso, este romance propõe um excêntrico passeio pelas profundas considerações do autor sobre a morte e o valor da vida”, descreve a editora.

Yukio Mishima, pseudónimo de Kimitake Hiraoka, foi um novelista e dramaturgo, nascido em Tóquio, em 1925.

Teve uma infância problemática, marcada por acontecimentos que mais tarde marcariam a sua literatura, como o facto de ter sido separado dos pais ainda criança e ter sido criado pela avó paterna, uma mulher controladora que não o deixava sair da sua vista.

Mishima teve, assim, uma infância isolada, o que muitos biógrafos acreditam ter influenciado o seu interesse e obsessão pelo tema da morte.

Aos doze anos voltou a viver com os pais e começou a escrever as suas histórias, mas seu pai, um funcionário burocrático do governo, era completamente contra as suas pretensões literárias, razão por que Kimitake decidiu criar um pseudónimo: para poder ocultar os seus trabalhos literários do conhecimento paterno.

Após participar na Segunda Guerra Mundial, embora longe da frente de combate por motivos de saúde – fator que lhe causaria grande remorso, por ter visto morrer compatriotas e não ter tido uma morte heroica -, Mishima viu-se obrigado pelo pai a matricular-se na faculdade e a formar-se em Direito.

Ingressou no Ministério das Finanças, mas, infeliz com essa vida, acabou por convencer o pai a aceitar a sua carreira literária, mas este, um homem rude e disciplinador, apresentou-lhe uma espécie de condição: já que era para ser escritor, então que se tornasse o melhor do Japão.

De facto, Mishima tornou-se um dos mais conhecidos escritores japoneses e foi várias vezes apontado como candidato ao Prémio Nobel da Literatura, sendo autor de obras como “Confissões de Uma Máscara” (1948), “O Templo Dourado” (1956) ou “O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar” (1963).

Yukio Mishima seguiu sempre, tanto na vida como na sua obra, um idealismo enraizado nas tradições militares e espirituais dos samurais, e a sua conceção da arte sempre esteve ligada a um elevado culto da alma e do corpo.

No dia 25 de novembro de 1970, com apenas 45 anos, suicidou-se de forma mediática – perante vários soldados e após fazer um discurso patriótico – praticando o ritual japonês ‘seppuku’, vulgarmente conhecido no ocidente por haraquiri, manifestando assim a sua oposição ao abandono das tradições japonesas e à aceitação acrítica de modelos consumistas ocidentais.

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