O júri do concurso, composto por Almeida Faria, Ana Paula Tavares, José António Gomes, Maria Quintans e Marta Bernardes, decidiu distinguir a obra de poesia deste autor, de 50 anos, nascido em Angola, "pela qualidade da escrita, a coerência das propostas e a exemplaridade dos conceitos", atribuindo-lhe o prémio, no valor de 20 mil euros.
O livro de Luís Quintais foi escolhido entre 12 finalistas de um total de 45 obras candidatas a este prémio literário.
Em relação às restantes distinções literárias atribuídas pelo Correntes D'Escritas, Ema Norberto, com a obra de poesia "Renascer", venceu o prémio Papelaria Locus, o trabalho "Caixa", dos alunos do 4.ºA da Escola Básica José Manuel Durão Barroso, de Armamar, venceu o prémio Conto Infantil Ilustrado/Porto Editora, enquanto que "Toda a Água que nos Une", de Ana Paula Mateus, venceu o prémio Fundação Luís Rainha.
Nascido em Angola, em 1968, Luís Quintais cresceu e estudou em Lisboa, tendo começado a lecionar em Coimbra no ano de 1995, onde é antropólogo e professor na universidade, segundo a biografia disponível no seu blogue.
"Sou professor de cadeiras de antropologia na UC [Universidade de Coimbra]. Escrevo etnografias, ensaios e poemas. Gostava de escrever contos, mas raramente o faço. Suspeito que nunca escreverei qualquer romance. Presumo que isso faz de mim um professor, um antropólogo, um ensaísta e um poeta", pode ler-se na mesma biografia.
Quintais apresenta-se como "um homem de esquerda, mas sem ênfase", com uma "sensibilidade trágica" que não lhe permite converter-se "a muitos dos entusiasmos de esquerda".
"Estruturalmente agnóstico, acredito mais na redenção do que na revolução. E a redenção será poética ou não será!", declara.
O livro a "A Noite Imóvel", em que Luís Quintais convida o leitor a percorrer cenários de vazio e de destruição, de ecos e de sombras, luzes ténues e memórias turvas, sucede à obra do colombiano Juan Gabriel Vasquez, "A Forma das Ruínas", que em 2018 venceu o galardão máximo do Correntes d'Escritas, encontro de autores de expressão ibérica, que decorre anualmente na Póvoa de Varzim.
Luís Quintais foi um dos vencedores do Prémio Ocaenos de Literatura em língua portuguesa, com "A Noite Imóvel", obra que sucedeu a "Arrancar penas a um canto do cisne", com que o escritor venceu o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes da Associação Portuguesa de Escritores, em 2017.
Na obra poética do escritor destacam-se títulos como "A Imprecisa Melancolia", "Lamento", "Umbria", "Verso Antigo", "Angst" e "Duelo", obra a que foram atribuídos o Prémio Pen Clube de Poesia e o Prémio Luís Miguel Nava, em 2005.
Esta edição do Correntes D’Escritas, que cumpre a sua 20.ª edição, vai reunir na Póvoa de Varzim, até 27 de fevereiro, 140 escritores, de 20 países de expressão ibérica.
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