“Macbeth” é uma “história de poder” e de como lá chegar de forma “mais ou menos desastrosa”, disse Nuno Carinhas, na apresentação desta encenação, que teve estreia no Teatro Nacional S. João, no Porto, a 01 de junho.

Enquanto acaricia o ombro de Lady Macbeth, mulher sedenta pelo poder, e a tenta beijar à força, João Reis entra em cena com uma barba de vários meses, calçado com botas pretas de cano alto e vestindo saia de pregas pelo joelho e uma malha escura apertada por um cinturão negro, para dizer à sua amada que vão ficar “besuntados das marcas de homicídio”.

É “sobretudo, uma história de ambição, uma história de poder e como chegar até lá de forma, mais ou menos desastrosa”, contou, então, em entrevista à Lusa, Nuno Carinhas.

Trata-se da “história de alguém que, perante um vaticínio se entusiasma com essa espécie de vaticínio, e parte à conquista desses lugares que lhe são alvitrados”, explica Carinhas, sobre aquela que é a sua primeira incursão pela dramaturgia de William Shakespeare, em que também teve a cargo os figurinos e a cenografia.

Nuno Carinhas considera que “Macbeth” é “um conto de fadas em relação à realidade [em redor] e às notícias que [se ouvem] quotidianamente nos meios de informação”, que revela “algumas deformidades da alma humana”.

Nuno Carinhas, 63 anos, assume que foi “um acaso” ter pegado em Shakespeare nesta fase da sua vida: “Calhou. É mesmo um acaso organizado. (…) Há muitos autores que demoram a ser feitos por quem faz teatro. Não há só Shakespeare, há autores carismáticos e agora era tempo de o fazer em função de muitos outros textos que já tinha feito. Achei que estava na altura de tratar este texto especificamente”.

A “excelência da escrita”, a “tradução de Daniel Jonas”, e a possibilidade de trabalhar temas como a “solidão de um homem cheio de poder” são algumas das distinções que Nuno Carinhas enumerou para diferenciar esta peça de outras que encenou.

Para o encenador, a história de Macbeth enquadra-se em “todos os tempos”, porque senão não tinha chegado à atualidade, sempre de forma surpreendente e onde se descobrem sempre coisas novas. “É como ler um bom livro. Estamos sempre a descobrir nuances (…), porque nós estamos também em permanente mutação”, refletiu.

A peça vai ter tradução em Língua Gestual Portuguesa e audiodescrição, na sessão do próximo domingo, dia 10, que termina numa conversa dos artistas com o público.

No sábado, dia 09, realizar-se-á, no Átrio do Teatro, o lançamento deste texto de William Shakespeare, com tradução do poeta Daniel Jonas, numa edição Humus.

“Macbeth”, “a peça maldita”, fica em cena até 17 de dezembro, na Sala Garrett, com representações de quinta-feira a sábado às 21:00, aos domingos, às 16:00 e, às quartas, às 19:00.

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