
Mafalda Santos junta-se ao É Desta Que Leio Isto no próximo encontro, marcado para dia 26 de março, desta vez uma quarta-feira, pelas 21h00. Consigo traz "Aquilo que o Sono Esconde", publicado pela Suma de Letras.
"Aquilo que o Sono Esconde" conta a história de Jaime, "um sombrio e solitário analista de seguros, especializado em processos de acidentes de viação".
"Como se o dinheiro saísse do seu próprio bolso, vive obcecado com o propósito de impedir que indemnizações sejam atribuídas aos lesados. Confrontado com a decisão judicial de pagamento de uma soma avultada a uma misteriosa mulher que sofreu um acidente, entra numa espiral de absurdidade e de autodescoberta. Depois de um bizarro baile de máscaras, para o qual não tinha sido convidado, dá-se conta que perdeu a capacidade de dormir, embarcando numa odisseia surreal, feita num estranho estado de vigília", pode ler-se na sinopse da obra.
A ideia para a trama "surgiu de uma história verídica, que me foi contada por uma amiga advogada, sobre uma mulher que ficou tetraplégica após um terrível acidente de viação e que viu ser empreendida contra ela, por parte da seguradora, uma verdadeira campanha de terror. Pensei: que tipo de pessoas acharia profissional ter um comportamento tão desumano, tão absolutamente desprovido de empatia? Deste pensamento nasceu o Jaime, o protagonista. A temática do sono surgiu depois, porque foi algo que sempre me fascinou e acabou por vir aqui encaixar como uma luva", conta Mafalda Santos ao SAPO24.
Segundo a autora, o livro tem sido "muito bem" recebido. "Sinto que ao longo dos anos tenho vindo a sedimentar a minha pequenina legião de fãs, leitores que já partem para os meus livros de olhos fechados, mas de espírito aberto à loucura e realismo mágico a que os tenho habituado. As reações têm sido no geral bastante positivas. Dizem-me que é uma leitura viciante, (há muitas pessoas a ler em apenas 24h) surpreendente e perturbadora".
Apesar de ser uma história que ultrapassa a realidade, não deixa de ser uma forma de se compreender o mundo. Afinal, é para isso que todos os livros servem. "Neste mundo estranho e acelerado em que vivemos, diria que a leitura assume uma importância crucial, não apenas como um meio de aquisição de conhecimento, mas também como exercício fundamental para a mente".
"A imersão nas palavras escritas em livros ou jornais permite-nos escapar da superficialidade das interações instantâneas e fragmentadas que caracterizam a era digital. A leitura obriga a um pensamento reflexivo, além disso, ao ler, conseguimos preservar a nossa ligação humana mais profunda, bem como a nossa herança cultural, elementos que são muitas vezes diluídos pela dependência de tecnologias. Portanto, é minha convicção que a leitura não é apenas um bom hábito, mas um necessário gesto de resistência ao empobrecimento da nossa atenção e capacidade crítica", defende.
Neste mundo literário, se Mafalda Santos tivesse de escolher um livro onde viver, avizinhava-se uma tarefa difícil. "Os meus livros favoritos não descrevem sociedades ou ambientes que se recomendassem a alguém. Mas ocorreu-me que talvez não me importasse de viver algum tempo no livro 'A Terra Delas', de Charlotte Perkins Gilman. Trata-se uma obra de ficção científica feminista que se passa numa sociedade utópica composta apenas por mulheres, num mundo onde os homens desapareceram, e as mulheres vivem sem as pressões do patriarcado".
Quanto ao clube, a autora mostra-se "muito entusiasmada e grata pela oportunidade". Além disso, espera "contar com perguntas que desafiem e obriguem a pensar".
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