"O objetivo é encher a capela de São Silvestre de concertinas, a imagem de marca da nossa romaria, mas como é a primeira vez que promovemos esta bênção esperamos, pelo menos, ultrapassar mais de 200 concertinas", disse à agência Lusa o juiz da confraria de São Silvestre e São Tiago, Henrique Parente.

Após a bênção das concertinas, marcada para sábado, pelas 21:00, "os tocadores partem da capela em rusgas, animando o recinto da festa".

Além daquela novidade, a aldeia de Cardielos, espera receber entre 29 e 31 de dezembro "milhares" de visitantes atraídos pelas iguarias preparadas pela organização da romaria.

"Temos entre mil a mil e duzentos litros de vinho quente e cerca de 900 quilos de cabrito à São Silvestre para servir", revelou Henrique Parente.

"O vinho, sobretudo tinto, mais apreciado é fervido numa panela, leva açúcar e mel e é servido numa tigela de barro", acrescentou.

Já o "segredo" do cabrito está "bem guardado" pelas cozinheiras, "as mulheres dos elementos da confraria".

Segundo Henrique Parente a tradição, "muito antiga", manda que "os romeiros visitem o santuário de São Silvestre, santo a quem é atribuído o poder protetor dos animais, sobretudo bovinos".

"Antigamente havia mais gado. Os agricultores subiam o monte para recomendar os animais a São Silvestre, levando-os a dar voltas ao redor da capela e a receber a bênção. Agora há poucos animais, mas a romaria continua a chamar muita gente", adiantou.

Segundo o ?site' Alto Minho, sobre as tradições da região, diz a lenda que São Silvestre, "empenhado em cristianizar as almas dos habitantes da margem direita do rio Lima, colocou-se na outra margem, no alto do Castro de Roques, onde existe um penedo com a marca a que chamam as pegadas do Santo, e atirou com o cajado, com a promessa de construir uma capela onde este caísse".

"Tanta força comunicou ao arremesso do báculo que este foi cair no alto do monte. São Silvestre presidiu, então, às obras da construção da capela, sentado no alto de um penedo gasto pela erosão a que, ainda hoje, se teima em apelidar de cadeira do Santo.

A romaria ancestral celebrada na aldeia de Cardielos, atualmente integrada na União de Freguesias de Cardielos e Serreleis, é organizada pela confraria, responsável pela manutenção do santuário e da envolvente, onde, ao longo dos anos foram sendo criadas infraestruturas e espaços de lazer.

Do monte de São Silvestre, situado a mais de 700 metros de altitude, avista-se o rio Lima, a sua foz e a cidade de Viana do Castelo.

A romaria, típica pelo cabrito à moda São Silvestre, servido em tasquinhas montadas pela confraria e pelo vinho quente, tem ainda nas concertinas e nos cantares ao desafio, outros dos pontos altos, não faltando os grupos de bombos.

O programa da romaria de São Silvestre começa no dia 29, a partir das 18:00, e encerra a 31 com a eucaristia e a procissão e bênção dos animais.