A criadora, conhecida por criar obras de arte de grandes dimensões usando objetos do quotidiano, criou um vídeo sobre a montagem desta peça que está a ser exibido na rede social Facebook, antecipando um pouco do que vai mostrar em Bilbao.

“Esta é a peça principal da exposição, entre algumas novas peças que vou mostrar, e está associada ao luxo e ao consumismo”, diz a artista no vídeo, acrescentando que a obra tem um duplo sentido: que ao tirar a máscara pretende mostrar uma parte muito importante do seu corpo de trabalho.

A exposição de Joana Vasconcelos no Museu Guggenheim Bilbao vai incluir 14 peças novas, entre as quais um anel solitário, com três toneladas, feito com jantes de carros e copos de cristal.

Mas a máscara veneziana, que dá título à exposição, “vai permitir, ao longo dos anos, criar novos ambientes e perspetivas, quando for exposta noutros lugares”.

“Mostra a dimensão doméstica, portuguesa e internacional da minha obra”, explica a artista, no vídeo, apresentando fases da montagem, que envolve espelhos sobrepostos, como escamas.

“I’m your mirror” pretende funcionar “como um ‘pivot’ para o futuro, mas que também resume o passado” do trabalho da artista, que se destacou, em 2012, por se tornar na primeira mulher e criadora mais jovem a expor algumas das suas obras no Palácio de Versalhes, em Paris.

Em fevereiro último, numa apresentação da exposição aos jornalistas, avançou que a mostra reunirá 35 obras, 14 das quais novas, incluindo aquela máscara veneziana, feita com 231 molduras de duplo espelho e que tem um peso aproximado de 2,5 toneladas.

A máscara e o anel solitário são duas das obras que ficarão expostas no exterior do museu, tal como o “Pop Galo”, um gigantesco Galo de Barcelos em azulejo e luzes LED, que iniciou no final de 2016 em Lisboa uma itinerância por várias cidades do mundo.

No átrio do Guggenheim Bilbao, o espaço central do museu, ficará uma obra ‘site specific’ (feita de propósito para o local), da série “Valquírias”, com 30 metros de altura, 36 de largura e 45 de profundidade, que entra pelos cantos e ângulos que Frank Gehry (arquiteto que projetou o museu) desenhou para o Guggenheim.

Ao Guggenheim, Joana Vasconcelos irá também levar algumas das suas peças mais icónicas como “A Noiva”, um candelabro feito com tampões, ou “Marilyn”, um par de sapatos de salto alto feito com panelas, e outras peças das séries “Urinóis”, “Pinturas em crochet” e “Bordalos”.

A obra mais antiga que estará em exposição data de 1997, ano em que o Museu Guggenheim Bilbao abriu ao público.

O título da exposição “é também uma homenagem a Nico [voz da canção ‘I’ll be your mirror’ dos Velvet Underground]”. No título da canção, o verbo é usado no futuro (“serei o teu espelho”), mas, no da exposição, está no presente (“sou o teu espelho”), porque a mostra “espelha o presente, não o futuro” e o trabalho da artista “é um reflexo do mundo que a rodeia”, explicou, na altura, a organização.

Esta exposição insere-se na “linha de pensamento curatória do Museu Guggenheim Bilbao, iniciada há quatro anos, de grandes exposições de mulheres artistas”, referiu Petra Joos, uma das comissárias da mostra, quando foi apresentada, em Lisboa.

“I’m your mirror” é a primeira exposição individual de um artista português no Museu Guggenheim Bilbao.

A artista tem uma equipa de cerca de 60 pessoas a trabalhar na produção da mostra, que está preparada para uma itinerância, estando Petra Joos a trabalhar com Serralves e Roterdão para o acolhimento da mostra.

A artista, de 46 anos, representou oficialmente Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 2013, num projeto comissariado por Miguel Amado, que levou um cacilheiro transformado em obra de arte ao recinto principal da mostra internacional contemporânea.

O cacilheiro “Trafaria Praia”, que chegou a circular no Tejo para visitas turísticas, é propriedade da Douro Azul e encontra-se à venda desde o final do ano passado.