De acordo com uma investigação conduzida por equipas das Universidades de Exeter e de Cambridge, no Reino Unido, as meninas em idade pré-escolar, e até mesmo com dois anos, brincam menos ao ar livre do que os meninos.
Os investigadores concluíram que, ao contrário do esperado, este tipo de padrões de comportamento começa desde tenra idade, o que pode ter implicações, a longo prazo, na saúde. Uma vez que se tornam fisicamente menos ativas à medida que crescem, as meninas são mais propensas a desenvolver problemas de saúde mental do que os meninos.
Segundo o The Guardian, com o estudo descobriu-se também que as crianças em idade pré-escolar de origens étnicas minoritárias brincam menos ao ar livre, bem como as crianças na mesma idade que vivem em áreas urbanas.
Para realizar a pesquisa foram entrevistados mais de 1.100 pais e responsáveis de crianças entre os dois e os quatro anos de idade em Inglaterra, na Escócia e no País de Gales.
Com as respostas à pergunta sobre o tempo que as crianças passavam a brincar numa variedade de locais, incluindo em casa, no pátio, na rua, num parque infantil ou num espaço verde, os investigadores calcularam a quantidade de tempo dispensada em "brincadeiras em geral", "brincadeiras ao ar livre" e "brincadeiras aventureiras".
As equipas descobriram que as crianças passavam cerca de quatro horas por dia a brincar, das quais uma hora e 45 minutos eram gastas a brincar ao ar livre, sobretudo, nos quintais de suas casas. Já fora de casa, as crianças brincavam mais em parques infantis e espaços verdes, enquanto as "brincadeiras aventureiras" eram mais associadas a centros de ocupação infantil.
"Estas oportunidades de brincadeiras são uma adição relativamente nova às sociedades ocidentais e a sua popularidade está a crescer", lê-se no relatório.
"Esta popularidade pode ser impulsionada por centros de brincadeira interiores, que oferecem experiências de brincadeiras aventureiras para crianças que ultrapassam algumas das barreiras para brincadeiras aventureiras ao ar livre, como o trânsito, o clima e a segurança”, continua.
Kathryn Hesketh, uma das líderes do estudo na unidade de epidemiologia do Conselho de Pesquisa Médica (MRC) da Universidade de Cambridge, afirmou: "É preocupante que aos dois anos de idade já se vejam estas diferenças no tempo em que os meninos e as meninas brincam ao ar livre".
"Não esperávamos ver este padrão tão cedo e, dada a ligação entre brincar ao ar livre e a atividade física, as meninas podem já estar em desvantagem desde muito cedo”, referiu.
Um outro estudo focado nas brincadeiras de crianças entre os cinco e os 11 anos, realizado em 2012, já revelava um declínio na liberdade das crianças em brincar ao ar livre sem supervisão. Na época, os pesquisadores concluíram ainda que as crianças que passavam mais tempo a brincar ao ar livre tinham menos sintomas de ansiedade e depressão.
Helen Dodd, professora de psicologia infantil na Universidade de Exeter que conduziu a pesquisa, garantiu: "Quando as crianças brincam na natureza, elas têm maior probabilidade de serem ativas, de brincar de forma aventureira, como subir às árvores, e de se conectar e aprender sobre a natureza”.
"Podem surgir problemas se as crianças não tiverem tido a oportunidade suficiente de brincar de forma aventureira e aprender a gerir sentimentos de incerteza e ansiedade de forma lúdica", concluiu.
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