Cada distinguido, o instituto afegão, sede da primeira orquestra constituída apenas por mulheres, e a banda de ‘heavy metal’, vai receber um milhão de coroas suecas, cerca de 101.000 euros, numa gala agendada para o dia 14 de junho, em Estocolmo, que conta com a presença do rei Carlos Gustavo, da Suécia, e que será transmitida pela televisão.

Fundado em 2010 por Ahmad Sarmast e apoiado pelo Banco Mundial e por doadores internacionais, o Instituto Nacional de Música do Afeganistão é uma escola de ensino de música afegã e ocidental para crianças, muitas delas com fracos recursos, órfãos ou trabalhadores nas ruas.

Em 2016, o instituto apresentou a formação sinfónica feminina “Zohra”, que atuou pela primeira vez no estrangeiro, em janeiro último, no Fórum de Davos, na Suíça, num concerto composto exclusivamente por temas clássicos afegãos.

Ahmad Sarmast, musicólogo e trompetista, que fundou o instituto, afirmou que estava “muito feliz e honrado” e se sentia “privilegiado” pela distinção, segundo a agência noticiosa francesa, AFP.

A mesma agência refere que Ahmad Sarmast, musicólogo e trompetista, escapou de um atentado suicida em Cabul, em 2014, num país em guerra há anos, e onde a música é muitas vezes considerada um desvio desonroso, e muito mais para as mulheres.

“Nós acreditamos que nossos dois vencedores, embora provenientes de dois mundos muito diferentes, ilustram a missão do Prémio Polar, que é honrar os músicos e as organizações musicais que estão a mudar o estado das coisas”, afirma em comunicado Marie Ledin, diretora-geral do prémio, criado em 1992 pelo antigo produtor do grupo sueco ABBA, Stig Andersson.

Ahmad Sarmast e sua escola de música trabalharam para “trazer o poder e a alegria da música para a vida das crianças”, lê-se no mesmo comunicado.

A banda de ‘heavy metal’ Metallica “é seguida e admirada por milhões de fãs todo o mundo”, segundo o mesmo comunicado.

Os Metallica são uma das bandas de ‘heavy metal’ mais influentes e que toca há décadas.

No concerto em Lisboa, no passado dia 01 deste mês, a banda fez questão de homenagear o músico português Zé Pedro, falecido em novembro passado, interpretando o tema “A minha casinha”, uma recriação dos Xutos & Pontapés de uma canção de Milú.

Na capital portuguesa, a banda fez ainda um donativo de 18 mil euros, para o Banco Alimentar Contra a Fome, a partir da receita da bilheteira, como publicaram na sua página oficial no Fabebook e no Instagram.

“Sentimo-nos honrados por entregar ao Banco Alimentar Contra a Fome a sua primeira doação de 2018. Obrigado a todos os que compraram bilhetes para o concerto da noite passada [01 de fevereiro] e nos ajudaram a angariar dinheiro para esta organização tão meritória”.

Os Metallica, com a ação “Metallica gives back” (“Metallica dá de volta”) têm reservado uma parte das receitas de bilheteira, dos seus concertos, para organizações locais de solidariedade social.

Este mês, depois de Lisboa, a banda fez contribuições similares para as fundações Rais, de Madrid, e Arrels, de Barcelona, de apoio aos sem-abrigo, e à Mensa Del Povero de la Parrocchia Sant’Alfonso, em Turim.

O baterista da banda, o dinamarquês Lars Ulrich, disse que o prémio hoje atribuído representa “um grande reconhecimento de tudo o que os Metallica fazem há 35 anos”.

“Ao mesmo tempo, sentimo-nos muito jovens com muitos anos e bons à nossa frente”, acrescentou Lars Ulrich.

Os Metallica editaram em 2016 o seu 11.º álbum de estúdio, “Hard Wired … to Self-Destruct”.

O Prémio Polar foi entregue pela primeira vez em 1992, tendo distinguido o músico britânico Paul McCartney e os Estados da Estónia, Letónia e Lituânia.

Do grupo de distinguidos constam, entre outros, os músicos Sting, Bob Dylan, Isaac Stern, Renée Fleming, Pink Floyd, Pierre Boulez, Joni Mitchell, Elton John, Ravi Shankar e Gilberto Gil.