Mishlawi, de 22 anos, faz música que “é uma fusão entre hip-hop e r&b contemporâneo, hip-hop ainda com uma mistura de rap, muito melódica”. Há quem o compare ao canadiano Drake, músico que “toda a gente ouve e está em todo o lado”, mas ele acha que isso “é como uma falha de compreensão da música”.
“Obviamente, em termos de estilo, isto é o que é moderno agora. O Drake comanda todos os estilos de música popular moderna agora, música rap, r&b e dancehall jamaicana. Ele comanda todos esses estilos de música e leva-os para o ‘mainstream’. É por isso que as pessoas dizem ‘ele soa como o Drake’”, afirmou, em entrevista à agência Lusa.
Mishlawi nasceu nos Estados Unidos e aos dez anos mudou-se para Cascais. A música “sempre foi uma grande parte” da vida do músico, que quando era miúdo “tocava instrumentos”. “Toquei bateria, um pouco de guitarra - o meu pai toca guitarra, não profissionalmente, mas tocou vários anos numa banda”, contou.
Aos 15 anos, já em Portugal, começou “a escrever canções” e percebeu que queria levar a música “a sério, como uma carreira”.
“Depois fui para a universidade e estudei produção de áudio (engenharia de som e coisas assim), porque sabia que queria fazer algo relacionado com música. Mas nunca estudei mesmo música a sério”, partilhou.
Quando começou a criar canções, o hip-hop e o rap foram as suas maiores influências. “A minha música, quando comecei, era rap mesmo, eu nem cantava na altura, era muito mais rap, rap, rap. À medida que fui ficando mais velho isso foi mudando e comecei a ouvir diferentes estilos de música”, referiu.
Depois de alguns ‘singles’, entre os quais “All Night” (2016), chega agora o álbum de estreia, composto por 12 temas: “Solitaire”, “criado na sua maioria no ano passado”.
“Em teoria comecei o álbum em 2016/2017, mas fui cortando canções e cortando canções e, de facto, a maior parte dos temas que estão no álbum foram feitos em 2018”, disse.
Apesar de o processo de criação do disco ter sido um pouco solitário – a “maioria do trabalho” foi feito em conjunto com o produtor Prodlem -, o título, “Solitaire”, tem outra razão de ser.
“É porque é como o jogo de cartas, o solitário, é um jogo que jogas sozinho. Jogas o jogo e ganhas ou perdes sozinho. A indústria da música não é uma indústria onde muita gente te ajude, não é uma coisa de grupo, é um jogo individual”, afirmou.
Além disso, Mishlawi considera que a música que faz, cantada em inglês, coloca-o numa pista sozinho e como que o separa dos outros artistas que fazem música em Portugal. “Não há muita competição ou gente na mesma pista que eu. Há o Richie [Campbell], mas a música dele é muito diferente”, explicou.
Cantar em português nunca lhe passou pela cabeça. “Se o meu português fosse bom o suficiente… Eu falo português, mas a minha pronúncia não é incrível, por isso acho que não iria soar muito bem”, justificou.
A decisão de continuar a carreira em Portugal passou muito pelas pessoas que o rodeavam e a ajuda que lhe poderiam dar. “Só queria estar perto de pessoas que sabia que eram experientes e que têm experiência na indústria musical de alguma maneira, mesmo estando em Portugal. Porque hoje em dia não interessa onde estás radicado, com a Internet podes ‘rebentar’ em qualquer lado”, disse.
O primeiro concerto que deu em nome próprio, recordou, foi em 2016 [no festival Sudoeste]. Este mês apresenta “Solitaire” ao vivo no Porto, nos dias 22 e 23 no Hard Club. Em março, no dia 09, é a vez de fazê-lo no Coliseu de Lisboa.
“As coisas têm acontecido muito rápido e estou só a tentar conseguir manter-me a par de tudo e estar bem ao vivo, ainda é difícil, mas a cada ano a qualidade é mais elevada”, afirmou.
Em palco, com ele estarão um DJ e uma banda, com bateria, guitarra/baixo, dependendo da canção, e teclados.
“Solitaire”, que estará disponível a partir de sexta-feira, é editado pela Bridgetown Records, tendo distribuição garantida em Portugal, na Alemanha, no Reino Unido e nos Estados Unidos.
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