Na edição que hoje termina, no Pavilhão Carlos Lopes, a diretora da Associação ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, destacou que se trabalhou “para um público que já é diferente”.
“A plateia da ModaLisboa é claramente diferente. Continua a ter parte de quem nos acompanha desde sempre, mas mais de metade são outras pessoas, bastante mais novas, interessadas em moda e que habitam a cidade e o país”, afirmou, em declarações à Lusa, entre desfiles.
Eduarda Abbondanza justifica esta mudança com “todas as ações desenvolvidas para a captação de novos públicos” e que estão agora “a dar resultados”. Algo em que a organização já trabalha “há algum tempo e que é agora notório”.
Entre essas ações, a responsável destaca a criação de projetos, “que de alguma maneira tocaram outras áreas”, como as conferências ou o Wonder Room [loja temporária].
“Lisboa mudou, é uma cidade cosmopolita neste momento, que tem que ver com a comunidade internacional que habita a cidade, uma camada mais jovem a viver cá. E essa mudança da cidade, se não a tivéssemos percebido e refletido não era a ModaLisboa”, referiu.
Eduarda Abbondanza destacou, a título de exemplo, a adesão às ‘masterclasses’, “que começam a funcionar às 10:00 e estão cheias”. “E são pessoas que vêm mesmo para aquilo, se calhar até aceitam a oportunidade de ver um desfile, mas não é esse o objetivo”.
Com todas estas atividades, a organização dá “uma nova dinâmica à moda, que é [uma área] imensa e que gerou imensas novas profissões, e até teses de doutoramento”.
Para a responsável, esta captação de novos públicos significa que “apesar deste tempo todo e das mudanças”, as pessoas que ‘põem de pé’ a ModaLisboa de seis em seis meses continuam “a ser eficazes”.
No programa da ModaLisboa, além das atividades paralelas à apresentação das coleções, é notória também a aposta nos novos talentos. “Isto aparentemente aparece de um dia para o outro, mas na realidade implica muito trabalho, muita atenção, muita pesquisa e muita informação”, disse Eduarda Abbondanza, dando como exemplo a estreia da Ernest W. Baker, da portuguesa Inês Amorim e do norte-americano Reid Baker. “Estão nesta edição, mas estou a trabalhar à distância há um ano”, contou.
Além disso, a ‘cara’ da ModaLisboa destacou ainda que, nesta edição, passaram pela passerelle “propostas muito mais ligadas à rua”, algo que “tem que ver com esta geração dos ‘millenials’ e da moda mundial, que reflete isso também”.
“Nesta edição já vi muitas evidências de tudo isso”, disse.
Outra coisa evidente na 52.ª edição da ModaLisboa foi que “a sustentabilidade e a ética estão na agenda”. “E já não vão sair da agenda nunca mais”, garantiu.
No sábado, a Awaytomars apresentou uma coleção feita a partir de peças de roupa descartadas por pessoas de todo o mundo, no Wonder Room estiveram presentes, entre outras, uma marca de produtos para a casa feitos à mão através da reutilização de desperdícios de têxtil industrial e uma outra de calçado feito a partir de garrafas de plástico.
Além disso, decorreram masterclasses sobre Moda Circular e Sustentabilidade, as garrafas de águas descartáveis foram substituídas por outras reutilizáveis e foram colocados em vários pontos do Pavilhão Carlos Lopes caixotes para reciclagem.
“Quando fizemos o Global Fashion Exchange (GFX) [projeto internacional de troca e sustentabilidade na Moda, na 48.ª edição, em março de 2017] demos os primeiros passos. Mas, [é um tema que] tem que ver com comportamentos das pessoas, o que leva tempo a modificar. Nesta edição é muito evidente, mas as alterações estão em curso há muito tempo”, afirmou Eduarda Abbondanza.
A ModaLisboa regressa em outubro para a 53.ª edição, durante a qual serão apresentadas as coleções para a primavera/verão de 2020.
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