A mostra, intitulada "A espantosa variedade do Mundo", que é inaugurada às 17:00, vai ficar patente até 03 de junho naquele monumento, comissariada por Palmira Fontes da Costa e por Adelino Cardoso, com a colaboração da Fundação Champalimaud.
Ilustrada com variadas representações de monstros, imaginárias ou a partir do real, livros antigos e objetos que podiam ter pertencido a Gabinetes de Curiosidades, a exposição propõe uma reflexão científica sobre o insólito, associado ao desconhecido, à diferença e à raridade.
Durante uma visita guiada aos jornalistas, os comissários evocaram os monstros que têm amedrontado ou maravilhado a Humanidade, desde a Idade Média até aos dias de hoje, nas suas várias formas, naturais ou sociais.
Questionada pela agência Lusa sobre a função da figura do monstro, já que acompanha o homem desde sempre, Palmira Fontes da Costa apontou várias: "Interpelam o outro pela sua diferença extrema, e podem levantar questões sobre a identidade da Humanidade".
"Os monstros eram muitas vezes anunciadores de uma mensagem divina, pelo seu desvio da norma, moral ou costumes, para que fosse restabelecida, e eram simbólicos na sua representação", fosse através de chifres, olhos em partes do corpo inusitadas, com certos poderes, figuras híbridas, que misturavam o animal e o humano.
Esta exposição centra-se no monstro representado a partir da Idade Média e no mundo ocidental, mas estas figuras "acompanharam o ser humano ao longo de toda a História e todas as culturas", apontou a comissária.
Vários livros dos séculos XVI e XVII, provenientes da Biblioteca Nacional de Portugal e da Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra, são apresentados com desenhos de figuras espantosas desenhadas pelos autores, sobretudo médicos, ou pessoas de maior erudição, que tentaram estudar e fixar o conhecimento da época.
A partir dos séculos XVII e XVIII, "começam a surgir tentativas de explicar as causas da monstruosidade", apontou Adelino Cardoso, acrescentando que surgem então os Gabinetes de Curiosidades, onde o público podia observar um pouco de tudo o que é diferente e exótico, de minerais a animais ou a seres humanos com deformações.
Nesta mostra surgem alguns desses exemplares, nomeadamente bebés siameses mortos à nascença e um ser sem cérebro, provenientes do Museu Patológico da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, ou um peixe monstruoso.
Na secção final da exposição entra a atividade da biologia e da medicina, através da colaboração com a Fundação Champalimaud, que salienta a descoberta do ADN e das novas tecnologias, permitindo aceder, por exemplo, aos vírus e suas mutações.
"As mutações em animais e seres humanos começaram a ser observadas em laboratório e foram exploradas como falhas genéticas, de forma a poderem ser compensadas ou tratadas", apontou André Valente, da fundação, responsável por esta secção.
Um aquário com dezenas de peixes zebra mostra como são usados em investigação, nomeadamente sobre o cancro e várias formas de o tratar.
"Hoje, o espanto não é 'naif', é informado, e tem a ver com a beleza e a complexidade da vida", comentou, acrescentando que os avanços da ciência têm trazido soluções e a abertura de novas fronteiras sobre o que será o futuro.
A exposição inclui um programa de visitas conversadas, aos domingos, e também para públicos com necessidades especiais, aos sábados, em linguagem gestual e com áudio descrição.
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