Nascido em Viena, em 12 de junho de 1930, Otto Schenk morreu na sua casa no Lago Irrsee, na Áustria, na quinta-feira, segundo o anúncio do seu filho, o maestro Konstantin Schenk, e a direção do Festival de Salzburgo, que o considera uma “força da natureza”, determinante para o certame, conforme comunicado hoje divulgado.
Para o meio operático, Otto Schenk está para o palco como o realizador italiano Franco Zeffirelli está para o cinema: “Schenk foi um dos mais destacados diretores das grandes produções” históricas das décadas de 1960-1990, num contexto tradicional.
“Com a morte de Otto Schenk, o mundo da ópera perdeu um dos seus maiores nomes, um artista excecional, uma verdadeira lenda”, disse o diretor artístico do Festival de Salzburgo, Markus Hinterhäuser, citado pelo comunicado do festival austríaco.
“Habituado ao sucesso”, Otto Schenk cumpriu “calmamente, […] como se passeasse”, uma carreira que deixaria “outros sem fôlego”, entre o Scala de Milão, o Met de Nova Iorque e os principais palcos europeus, de Viena a Munique, Hamburgo, Berlim, Londres e Paris, “nunca traindo os seus padrões”.
“Otto Schenk influenciou profundamente o Festival de Salzburgo durante décadas, em muitos aspetos”, recorda hoje o diretor artístico do Festival de Salzburgo, considerando-o “uma força da natureza, um favorito do público no melhor sentido do termo”. “Como encenador, fez história em palco, e tanto o público como a crítica celebraram os seus triunfos”.
Markus Hinterhäuser recorda ainda que, como elemento da direção do festival, Otto Schenk “liderou com sucesso o departamento de drama, durante a turbulenta era de [liderança do maestro Herbert von} Karajan”.
No percurso de Schenk destacam-se as encenações de Richard Wagner, incluindo o ciclo “O Anel de Nibelungo”, tetralogia composta pelas óperas “O Ouro do Reno”, “A Valquíria”, “Siegfried” e “O Crepúsculo dos Deuses”, além de “Parsifal”, “Os mestres cantores de Nuremberga” e “Tannhäuser”.
Para a história da ópera ficam também as suas encenações de Richard Strauss, nomeadamente de “O Cavaleiro da Rosa”, em 1972, em Munique, com direção musical do maestro Carlos Kleiber, e de “Arabella”, com Georg Solti, em Viena, em 1977.
O Festival de Salzburgo recorda ainda as derradeiras atuações de Otto Schenk, como ator, ocorridas em 1997, na produção de Peter Stein de “O rei dos Alpes”, de Ferdinand Raimund.
Otto Schenk destacou-se também como realizador, numa carreira iniciada nos anos de 1950, dominada quase sempre por versões televisivas do seu trabalho já levado a palco, como a opereta de Johann Strauss “O Morcego”, com o maestro Theodor Guschlbauer, e “O Elixir do Amor”, de Donizetti, sob direção musical de Alfred Eschwé.
O diretor-geral da Ópera Estatal de Viena, Bogdan Roscic, também reagiu à morte de Schenk, citado pela agência Associated Press, afirmando que o encenador “foi capaz de aproveitar a riqueza intelectual e artística de toda a história da ópera e comunicá-la de forma brilhante a um público alargado”.
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