O museu tem vindo a festejar a efeméride ao longo do ano, abrindo as celebrações em março com três exposições, a mais importante delas intitulada "A metade do céu", concebida pelo artista plástico Pedro Cabrita Reis, com obras de 60 artistas portuguesas de várias gerações e períodos da História da Arte.
O Museu Arpad Szenes - Vieira da Silva foi inaugurado em 03 de novembro de 1994, num edifício da Praça das Amoreiras, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, e apresenta regularmente exposições com a obra do casal Arpad Szenes - Maria Helena Vieira da Silva, ou de artistas com os quais tiveram algum tipo de ligação de amizade.
Sobre o acontecimento mais marcante nos últimos cinco anos da instituição, a diretora indicou que foi a aquisição, pelo Estado, em 2017, de seis obras emblemáticas da pintora portuguesa.
"Fizemos várias exposições importantes, mas sem dúvida que a aquisição destas obras, aguardada há tantos anos, foi o acontecimento mais marcante dos últimos anos", sublinhou.
Depois de vários anos de negociações com os proprietários privados, herdeiros do colecionador Jorge de Brito, o Governo acabaria por comprar, através da Direção-Geral do Património Cultural, as seis obras da pintora Maria Helena Vieira da Silva, pelo valor global de 5,5 milhões de euros, exercendo o direito que detinha.
As seis pinturas em causa - "Novembre" (1958), "La Mer" (1961), "Au fur et à mesure" (1965), "L’Esplanade" (1967), "New Amsterdam I" e "New Amsterdam II" (1970) - encontram-se agora depositadas no Museu Arpad Szènes - Vieira da Silva.
Relativamente às exposições mais importantes realizadas no museu, nos últimos cinco anos, Marina Bairrão Ruivo destacou "Artistas portugueses. Obras da coleção particular de Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes", em 2013-2014, "Escrita íntima. Cartas e desenhos", em 2014, com as cartas trocadas por Vieira da Silva, e "Sonnabend-Paris-Nova Iorque. Os primeiros cinco anos da galeria Sonnabend em Paris", em 2015.
Criada ainda em vida de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), uma das mais importantes pintoras portuguesas, e instituída por decreto-lei em 10 de maio de 1990, a Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva tem como missão garantir a existência de um espaço, em Portugal, onde o público possa contactar permanentemente com a obra do casal de artistas.
Quando França sofreu a ocupação nazi, na Segunda Guerra Mundial, Vieira da Silva e Arpad Szenes, que viviam em Paris, tentaram regressar a Portugal, mas o presidente do governo da ditadura, António de Oliveira Salazar, retirou a nacionalidade portuguesa à pintora e ao marido, cidadão húngaro de ascendência judia.
Vieira da Silva e Arpad partiram então para o Brasil onde estiveram exilados de 1940 a 1947, permanecendo apátridas até 1956, ano em que lhes foi concedida a nacionalidade francesa.
A Fundação Calouste Gulbenkian custeou as obras de remodelação do atual museu e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento apoiou o projeto na área da investigação.
A coleção do museu cobre um vasto período da produção de pintura e desenho do casal: de 1911 a 1985, para Arpad Szenes (1897-1985), e de 1926 a 1986, para Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992).
Também foi desejo de Vieira da Silva legar um espaço de investigação aberto ao público, cumprido com a criação do Centro de Documentação e Investigação que, além de desenvolver pesquisas internamente, tem acolhido investigadores portugueses e estrangeiros.
Na rua João Penha, ao Alto de São Francisco, junto à praça das Amoreiras e ao museu, está também aberta ao público a antiga casa-atelier da pintora, com uma programação própria de exposições e conferências, acolhimento de atividades propostas pela comunidade e residências para artistas e investigadores.
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