Passados seis meses desde o início do horário de inverno, os relógios podem novamente ser atualizados para o horário de verão e devem avançar-se todos uma hora este fim de semana.

Esta madrugada, dia 31 de março, entrou em vigor o horário de verão em Portugal. Significa isto que se dormiu menos uma hora em troca de mais sol durante o dia. Assim sendo, quando o relógio marcou 1h00 esta madrugada, os ponteiros saltaram para as 2h00 em Portugal continental e na Madeira. Nos Açores, a mudança da hora aconteceu à meia-noite (passando o relógio a marcar 1h00 nessa altura).

O atual regime de mudança da hora é regulado por uma diretiva (lei comunitária) de 2000, que prevê que todos os anos os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.

Por que se muda a hora?

A ideia do Daylight Saving Time (DST) - quando o relógio avança uma hora - foi obra de Benjamin Franklin, no século XVIII, nos Estados Unidos da América, e tinha como objetivo poupar velas, mas só foi verdadeiramente implementada na I Guerra Mundial (1914-1918). Conheça aqui a história.

Em 2022, um grupo de peritos internacionais propôs o fim da mudança da hora na União Europeia e o alinhamento dos fusos horários dos diferentes países, aproximando-os o máximo possível da hora solar e tornando-os permanentes.

Segundo os peritos, que subscreveram a Declaração de Barcelona sobre Políticas do Tempo assinada em outubro de 2021 por mais de 70 instituições internacionais, as mudanças na hora legal "não têm efeitos significativos na poupança energética", ao passo que a manutenção da mesma hora "melhora a saúde, a economia, a segurança e o meio ambiente".

Os especialistas, citados pela agência noticiosa Efe, defendem, como primeiro passo, que todos os países da União Europeia acabem com a mudança da hora na primavera (a chamada hora de verão, UTC+1, em que os ponteiros do relógio são adiantados 60 minutos) e continuem com a hora de inverno (UTC+0). Os países cujo fuso horário recomendado é a sua hora padrão atual não teriam de fazer alterações.

Depois, num segundo passo, os países cujo fuso horário recomendado não corresponde à sua hora padrão, como Portugal, Espanha, Bélgica, França, Grécia, Irlanda, Luxemburgo e Países Baixos, atrasariam uma última vez os ponteiros do relógio no outono (UTC-1), para poderem adotar o fuso horário recomendado como a sua nova hora padrão.

Em março de 2019, o parlamento europeu aprovou, sob proposta da Comissão Europeia, o fim da mudança da hora nos Estados-Membros da União Europeia, defendendo a entrada em vigor da medida em 2021, o que não chegou a ter lugar.

A adoção da medida no espaço comunitário dependia de uma tomada de posição, que está por tomar, do Conselho da União Europeia, instância de decisão onde estão representados todos os Estados-Membros, e também dos países. Mas as negociações sobre esta matéria encontram-se paradas.

O que defende Portugal?

Na altura em que se debateu esta possível alteração nos relógios europeus, cada país teve de indicar a sua posição. O Governo português anunciou na altura que pretendia continuar a mudar a hora duas vezes por ano, baseando a sua decisão num relatório feito então pelo Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).

De acordo com o parecer, a poupança de energia "é positiva, mas diminuta" e as perturbações do sono "mínimas" com o horário de verão.

O parecer sustentava, no entanto, que a transição para a hora de inverno "poderia ser melhor" se fosse feita em finais de setembro, como sucedeu até 1995 na Europa, e não no fim de outubro, "permitindo uma maior aproximação à hora solar durante o ano".

Segundo o documento, manter apenas a hora de inverno significava ter "o sol a nascer perto das 5 horas na altura do verão, ou seja, uma madrugada de sol desaproveitada seguida de um final de tarde com menos uma hora de sol, fatores que não são positivos nas atividades da população".

Em contrapartida, mantendo a hora de verão todo o ano, "o sol nasceria entre as 8 e as 9 horas durante quatro meses do ano, no inverno, com impactos negativos", nomeadamente nas deslocações para o trabalho e para a escola, que seriam feitas com pouca luz.

Recorde-se que quando este assunto foi debatido, também o primeiro-ministro considerou que se deveria manter a hora de verão e a de inverno. “Não vejo razão para que se contrarie a ciência e se faça algo de forma discricionária”, afirmou António Costa.

Quais as próximas datas de mudança da hora?

Desde 2001 que os Estados-Membros da UE são obrigados a mudar a hora legal duas vezes por ano: no último fim de semana de março e no último fim de semana de outubro. As próximas datas para mudar a hora até ao final de 2026 na União Europeia estão no Jornal Oficial da União Europeia, onde têm de ser comunicadas de cinco em cinco anos.

As datas de mudança da hora previstas são neste momento: 31 de março e 27 de outubro, em 2024. Em 2025, 30 de março e 26 de outubro. Já em 2026, nos dias 29 de março e 25 de outubro.