Constituídos por milhares de animais minúsculos, os corais vivem numa estreita relação com as algas microscópicas, conhecidas por zooxantelas. Estes organismos unicelulares abrigam-se neles, mas em contra-partida fornecem dióxido de carbono e nutrientes essenciais.

Já as microalgas produzem, através da fotossíntese, açúcares simples e oxigénio que são utilizados posteriormente pelos corais. Esta colaboração é vital, já que perfazem cerca de 90% das suas necessidades. As algas, por seu turno, necessitam de luz para sobreviver, ainda que não em excesso.

Por isso, em águas pouco profundas, os corais produzem proteínas fluorescentes que funcionam - até certo ponto - como proteção solar para as zooxantelas, segundo concluíram os investigadores do Laboratório sobre os Corais da Universidade Southampton, no Reino Unido, que publicaram o estudo na Proceedings of the Royal Society B.

Em colaboração com o Instituto das Ciências Marinhas de Eilat e com a Universidade de Haifa (Israel), a equipa de Southampton procurou compreender o motivo que leva a que os corais brilhem também em águas profundas, pouco iluminadas e de uma cor azul-escura.

Os investigadores descobriram que os corais conseguem sobreviver nas profundezas porque produzem um certo tipo de proteína fluorescente que capta a luz azul, que irradiam de volta, mas num tom laranja-avermelhado. Esta luz, por sua vez, penetra ainda mais nos tecidos dos corais, algo que vai favorecer a fotossíntese das microalgas.

"É um passo importante para compreender como os misteriosos pigmentos fluorescentes dos corais funcionam", considera o biólogo Jörg Wiedenmann, da Universidade de Southampton e um dos autores do estudo.

Diante das ameaças que recaem sobre os corais, mais concretamente o aquecimento global e da poluição das águas, alguns especialistas esperam que as zonas de águas profundas — por serem mais frias — possam funcionar como uma espécie de abrigo. Contudo, o presente trabalho mostra que isso não é tão simples quanto se pensava inicialmente.

"É possível chegar à conclusão que os corais precisam de determinadas características para se adaptar à vida nas profundidades", afirmou Wiedenmann. "Devemos fazer tudo o que for possível para manter as águas pouco profundas habitáveis para os corais", disse.