Pedro do Nascimento Cabral expressou a “satisfação e o orgulho” da Câmara Municipal de Ponta Delgada por estar ao lado das celebrações do nascimento da poetisa, sendo que “falar de Natália Correia é falar de cultura, de uma mulher que libertou o pensamento do país, ímpar na luta pelos direitos humanos e pelos direitos das mulheres, singular na literatura”.

Para o autarca, que falava em conferência de imprensa, em Ponta Delgada, Natália Correia é uma “referência de Ponta Delgada com projeção no país e no mundo, cujo legado nunca é demais lembrar”.

O programa arranca no sábado, no Centro Natália Correia, onde a jornalista Vera Santos conduzirá a apresentação do disco vinil “Projeto Natália”, seguido de um concerto com canções e poema interpretados pelos artistas Mia Tomé e Mário George Cabral.

A 14, 15 e 16 de março vai ter lugar, também no Centro Natália Correia, o colóquio comemorativo do centenário do nascimento das poetisa (1923 – 2023), que conta com a presença de especialistas da sua obra, como a escritora Ângela Almeida, que integra a comissária científica da iniciativa.

As outras figuras que integram a iniciativa são José Anes, Anselmo Borges, Armando Nascimento Rosa, Fernando Dacosta, Francisco Topa, Júlia Lello, João de Melo e António Vilhena.

A 14 de março, no Auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, terá lugar um concerto com poemas de Natália Correia, protagonizado pelo cantor Aníbal Raposo, acompanhado por Paulo Bettencourt, na guitarra, e por Romeu Presunça nas percussões.

De 20 de abril a 30 de junho, no Centro Municipal de Cultura tem lugar a Exposição Comemorativa do Centenário do Nascimento de Natália Correia, numa parceria da Câmara Municipal de Ponta Delgada com o Museu Carlos Machado.

Natália Correia nasceu há cem anos na Fajã de Baixo, na ilha de São Miguel, e a sua obra abarca diferentes géneros literários, da poesia ao romance, ao teatro, à literatura de viagens e ao ensaio, envolvendo ainda vasta colaboração em publicações nacionais e estrangeiras.

“Não Percas a Rosa. Diário e algo mais”, que iniciou a 25 de Abril de 1974 e continuou até 20 de dezembro de 1975, teve edições em 1978 e 2003.

Estreou-se na literatura aos 22 anos (1946), com um romance juvenil, “Grandes Aventuras de um Pequeno Herói”, na mesma altura em que chegou ao jornalismo, no antigo Rádio Clube Português, cerca de três décadas antes de dirigir as revistas Século-Hoje (1975-1976) e Vida Mundial (1976).

O seu primeiro livro de poesia “Rio de Nuvens” data de 1947.

De sua autoria são ainda os livros de poesia “Cântico do País Emerso” (1961), “O Vinho e a Lira” (1969) e “Mátria” (1967), “Memória da Sombra, versos para esculturas de António Matos” (1993).

A sua Poesia Completa, “O Sol nas Noites e o Luar nos Dias”, saiu em 1993 e foi reeditada em 2000.

Natália Correia coordenou várias antologias, como “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica: dos cancioneiros medievais à atualidade”, saída em 1965 e que foi proibida pela Censura da ditadura do Estado Novo que a levou ao Tribunal e a uma sentença com pena suspensa. A obra foi publicada novamente em 2000.

Natália Correia morreu aos 69 anos, a 16 de março de 1993, em Lisboa, cidade onde residia desde os 11 anos.