O festival de cinema de Cannes, que esta quinta-feira anuncia a sua seleção oficial, determinou a exclusão de todos os filmes não foram exibidos nos cinemas franceses.

"Queremos que os nossos filmes estejam em pé de igualdade com os demais. Se existe o risco de os nossos filmes e cineastas receberem um tratamento desrespeitoso no festival (...) acredito que é melhor não estarmos lá", disse Ted Sandoros em entrevista à Variety.

No ano passado, a Netflix optou por não distribuir para o cinema o filme "Okja" para não atrasar a exibição entre os assinantes da plataforma de streamming. O mesmo aconteceu com "The Meyerowitz Stories", de Noah Baumbach. Ambos os filmes foram autorizados a participar na competição, o que espoletou protestos de várias figuras do cinema. Sindicados e cineastas franceses condenaram a decisão.

A lei francesa determina que após a estreia nos cinemas, um filme deve aguardar quatro meses para ser lançado em DVD ou no sistema OnDemand. Depois de 10 meses pode finalmente ser exibido em televisão aberta, e após 36 meses em qualquer serviço 'streaming'.

Cinema. Filmes da Netflix fora da competição em Cannes
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A Netflix não descarta exibir os seus filmes nos cinemas franceses, mas recusa-se a esperar três anos para tê-los na sua plataforma.

Questionado sobre se acredita que as regras podem vir a mudar no futuro, Ted Sandoros é otimista: Sim, tenho fé que Thierry Fremaux [responsável pelo festival de cinema de Cannes] partilhe do meu amor pelo cinema e sejam um apologista da mudança quando perceber o quão punitiva é esta regra para cineastas e cinéfilos".

"Esperamos que [Cannes] mude as regras, se modernize (...). Propomos que Cannes se reúna com a comunidade mundial do cinema e os receba de volta", acrescentou.

Recorde-se que recentemente o aclamado realizador norte-americano Steven Spielberg defendeu uma posição semelhante à adotada por Cannes. O realizador de “The Post” diz que os filmes da Netflix não devem concorrer aos Óscares.

“Quando te comprometes com um formato de televisão, és um filme de televisão”, disse o realizador ao canal britânico ITV. “Obviamente, se for um bom espetáculo, merece um Emmy, mas não um Óscar.