Segundo o diretor artístico do projeto, Fernando Costa, a Orquestra Nacional Moderna é “um projeto orquestral de natureza profissional [criado no final de 2018] com 21 jovens licenciados, com mestrado e prática orquestral” de todas as zonas do país, que promete uma “ação regular” a partir de junho em várias zonas do interior país ainda indefinidas.

“O nosso foco principal é intervir nas zonas do país que não têm acesso a eventos orquestrais. […] Todos os eventos orquestrais estão situados numa estreita faixa do litoral de norte a sul e portanto não há nada que responda a esta necessidade do interior”, disse Fernando Costa.

De acordo com o diretor da Orquestra Nacional Moderna, “haverá muitas pessoas que ainda não viram o mar, e portanto há muitas pessoas que ainda não viram uma orquestra” e os artistas “têm em mão uma ferramenta de política cultural, democrática e humanística, […] e não têm o direito de escamotear aquilo que tem um valor espiritual acrescido”.

“No outro dia recebemos um telefonema de uma aldeia no interior que nos dizia ‘olha, nós temos um auditório de 400 pessoas, nunca vimos uma orquestra, estamos ansiosos’. […] Portanto, eu acredito que haja uma recetividade”, disse Fernando Costa sobre as expectativas de receção do projeto.

O projeto “não-elitista” promete ainda “desfazer o formato tradicional de orquestra” rejeitando qualquer “formalidade na apresentação dos músicos e das obras” e “reconstruindo o conceito de repertório”.

“Não nos submetemos ao que é a prática orquestral normal, ao romântico, ao barroco. Tocaremos românticos, tocaremos barrocos, tocaremos à nossa maneira” porque “estes locais não têm o hábito de ouvir músicas de orquestras”, disse o diretor artístico.

O programa que tem como base obras de compositores como Tchaikovsky, Chopin e Kurt Weil, vai ainda “privilegiar músicos locais” integrando em cada concerto um músico diferente da zona em que este decorre.

A Orquestra Nacional Moderna é ainda a oportunidade de uns tantos músicos “de enorme talento que não têm lugar nas orquestras” encontrarem “um local onde possam tocar regularmente”.

Em relação ao financiamento Fernando Costa disse: “Não queremos financiamento público, se ele vier aceitaremos, mas não queremos transformar a orquestra em mais um conjunto de funcionários públicos dependentes do orçamento. Queremos é envolver empresas, que têm uma missão sociocultural muito importante e as municipalidades também dentro daquilo que possa ser o seu orçamento para a cultura”.

Segundo o diretor artístico, o “calendário [dos concertos] ainda não está fixo”, nem os locais onde vão decorrer, mas “os contactos já estão a ser feitos”, nomeadamente com Miranda do Douro, Bragança e Vinhais.