“É o disco com mais géneros misturados que fiz até hoje, e a ideia também era isso: misturar estados de espírito. O álbum passa por aí, pelos altos e baixos, que refletem os próprios temas e a vida, ou as fases que atravessava na altura em que comecei a criá-lo”, contou Valas à agência Lusa.
O rapper, que nasceu, cresceu e vive em Évora, começou a trabalhar em “Animália” há cerca de dois anos. “Foi quando o pensei, o nome e a ideia do que queria ter em termos de musicalidade”, disse.
Desde então, “houve muitas alterações”. Composto por dez temas, “Animália” “começou por ser um álbum com muitas músicas”. “Geralmente é assim, vou fazendo uma seleção natural das músicas de que mais gosto ou que fazem mais sentido. E esse trabalho foi feito ao longo destes dois anos e tal”, recordou.
Apesar de o álbum chegar sem aviso prévio, inclui um tema, “Kilimanjaro”, cujo vídeo foi divulgado em agosto do ano passado, mas que já tinha sido apresentado em julho, no festival Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia.
Embora parte do trabalho tenha sido feito em tempos de pandemia, o álbum não reflete este acontecimento.
“Não escrevi sobre a pandemia, nem sobre o isolamento. Até foi difícil, com a vida que temos levado este ano, colocar-me naquele que era o meu pensamento inicial do disco, que era bastante diferente em termos de vida do que aquilo que nos permitem viver neste momento”, partilhou.
O “comportamento humano” é a temática que une “Animália”. “Aquela irreverência de animal, o reagir, ultrapassarmos as coisas, lutar pelas coisas”, referiu Valas.
Na produção do disco, Valas contou com músicos com quem já tinha tido oportunidade de trabalhar, como D.Beat, Brazza, DJ Sims, Lhast, Fumaxa e Haze, e, também, pela primeira vez, com uma das suas “maiores influências de sempre”, Boss AC.
“É sem dúvida o ponto mais alto do álbum, por ter tido oportunidade de trabalhar com uma pessoa que ouvi durante duas décadas ou mais”, partilhou.
Em termos de convidados, em “Animália”, Valas conta apenas com a cantora alemã Alice Martin, no tema “Pack”. “Conheci-a há uns anos num concerto e fiquei muito fã da música dela”, recordou.
Tendo em conta a dificuldade que será apresentar “Animália” ao vivo, num ano que “em termos de espetáculos foi nulo”, Valas admite que “é quase impensável lançar um projeto” nesta altura.
E, por isso, salienta que “ter a oportunidade e as condições de conseguir lançar um disco nesta altura é, sem dúvida, muito especial”.
Desta maneira, Valas ainda não fez planos para apresentar ao vivo os temas de “Animália”: “Estamos todos um bocadinho à espera que este ano acabe e ver o que 2021 nos traz e nos permite fazer. A minha ideia e da minha equipa é não nos focarmos já nessa parte, porque não sabemos ainda as limitações que vamos ter”.
Atuar para “pessoas sentadas, de máscara” num local com lotação reduzida é algo que “não faz sentido para a apresentação do disco”.
“Preferia, se calhar, mil vezes, neste momento, se as coisas continuarem assim ou se prolongarem, fazer uma atuação na Internet, em direto, que nos permita chegar a quem gosta de ouvir a nossa música, e na impossibilidade de apresentarmos ao vivo será a forma de estarmos próximos dessas pessoas, apresentando o disco dessa forma. Mas sinceramente não sei, porque ninguém sabe o dia de amanhã devido a esta pandemia. Não dá para pensar muito”, disse.
“Animália” sucede a “Check In”, editado em 2018, cujo tema “Estradas no Céu”, que conta com a participação da fadista Raquel Tavares, valeu a Valas o prémio para Melhor Canção, atribuído pelo público, na 1.ª edição dos Play - Prémios da Música Portuguesa.
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