O filme foi escolhido para o programa competitivo “Dias dos Autores”, que acontecerá de 31 de agosto a 10 de setembro, em paralelo ao 79.º Festival de Cinema de Veneza.

“Lobo e Cão” foi rodado em São Miguel, nos Açores, onde a realizadora Cláudia Varejão tinha estado em 2016, em residência artística, no Pico do Refúgio.

Aquele espaço, situado em Rabo de Peixe, proporcionou-lhe “uma primeira entrada na ilha por uma vila muito particular, com características muito singulares, muito difíceis, socialmente, economicamente, a vários níveis”, contou a realizadora à agência Lusa no início de 2021, nos Açores.

O filme “foi escrito a partir da experiência de uma série de jovens que conheci aqui na ilha, da minha própria experiência de quando fui jovem, e que ainda tenho em mim — trazemos todas a idades dentro de nós”, disse.

Segundo Cláudia Varejão, o filme aborda questões humanas “que têm um pulsar muito visível e muito forte na juventude”, nomeadamente “a sexualidade, o desejo de transgredir — e transgredir, seja socialmente, como o próprio território, portanto, atravessar a linha do horizonte –, as questões emocionais e afetivas, as questões profissionais, as questões familiares, as questões morais”.

“Lobo e Cão”, rodado com elenco local, ganha ainda uma outra dimensão, por mostrar “como é que é ser jovem num território cercado pelo mar e, nestes contextos em particular, contextos com bastantes dificuldades económicas e sociais, a ideia de atingir outros lugares, outros conhecimentos, para concretizar o sonho, está mais comprometida”.

Por outro lado, “o filme toca em questões sobre identidade de género, que me parecem, também, muito urgentes”, afirmou, frisando que não se deve “adiar representar aquilo que, tendencialmente e historicamente, tem sido invisível, como a identidade de género, a orientação sexual, as comunidades LGBTQI, que, num contexto mais pequeno, ainda são mais frágeis”.

Cláudia Varejão é autora de curtas e longas-metragens, entre as quais “Falta-me”, “Luz da Manhã”, “No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos”, sobre a Companhia Nacional de Bailado, e os recentes “Ama-san”, rodado no Japão, e “Amor Fati”.

“Lobo e Cão” é uma produção da Terratreme com a francesa La Belle Affaire.

A programação do Festival de Cinema de Veneza, anunciada esta semana, contará com o filme “A noiva”, de Sérgio Tréfaut, na competição da secção “Horizontes”.

Fora de concurso estará “When the waves are gone”, do realizador filipino Lav Diaz, com coprodução portuguesa, pela Rosa Filmes.

A realizadora portuguesa Ana Rocha de Sousa vai fazer parte do júri do prémio “Luigi de Laurentiis”, destinado a primeiras obras.

“O sangue” (1989), primeira longa-metragem de Pedro Costa, estará, em versão restuarada, na Semana da Crítica de Veneza.

No mercado de financiamento estarão dois projetos cinematográficos com coprodução portuguesa: “Ze”, uma longa-metragem de ficção da autora mongol Lkhagvadulam Purev-Ochir, e “Queer Utopia”, produção brasileira de Lui Avallos, no âmbito do cinema imersivo e de realidade virtual.

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