O espetáculo, no Teatro S. Luiz, em Lisboa, está agendado para o dia 07 de dezembro, quando está prevista a edição do CD editado pela Valentim de Carvalho, segundo o fadista.
No palco do S. Luiz, além de João Braga, que interpretará alguns dos seus êxitos, estarão os fadistas Camané, Katia Guerreiro, Maria Ana Bobone, Cuca Roseta, Sandra Correia, Francisco Salvação Barreto, Rodrigo Costa Félix, e os músicos Rão Kyao (flautas) e Joel Pina (viola-baixo), que o tem acompanhado durante toda a carreira.
Também com os fadistas vão estar os músicos Pedro de Castro e Luís Guerreiro (guitarra portuguesa), Jaime Santos (viola) e Francisco Gaspar (viola-baixo).
O CD, que João Braga qualificou como “sui generis” foi gravado com os músicos Pedro de Castro, Jaime Santos e Francisco Gaspar em duas fases distintas, tendo um título - “Outrora, agora” - que foi buscar a um poema de Luís de Camões.
O álbum é composto por cinco fados inéditos que o fadista gravou em 1980 e sete outros gravados em julho último.
“No palco vou ter alguns dos nomes que ajudei a lançar”, disse o fadista à Lusa, referindo que este seu interesse surgiu, em finais da década de 1980, a um “desafio” lançado por uma jovem, amiga dos seus filhos que lhe afirmou que o “o fado era de velhos”.
“Na realidade, achei que ela tinha alguma razão, eu da minha geração era o mais novo, refiro-me a quem começou a cantar na década de 1960, a Maria da Fé, a Teresa Tarouca, Ada de Castro, Beatriz da Conceição, o Frei Hermano da Câmara, o Carlos do Carmo, o João Ferreira-Rosa, o António Rocha, e muitos mais”, disse.
Referindo-se ao incentivo que dá aos jovens, João Braga afirmou: “É das coisas que mais satisfação me dá, porque acho que era alguma coisa que devia ter sido feito antes de eu fazer e espero que volte a ser feito, pois um género musical como fado, se não se renova, acaba por desaparecer”.
O fadista começou por cantar outros géneros até que, por volta de 1962, optou pelo fado, quando interpretou “Povo que lavas no rio” (Pedro Homem de Mello/Fado Vitória, de Joaquim Campos), uma criação de Amália Rodrigues.
João Braga afirmou que na altura “não gostava muito de fado”, devido “ao conteúdo das letras, que eram coisas muito conformistas” e a “forma como dividiam as orações dos versos”.
“Só quando ouvi o ‘Povo que Lavas no Rio’ é que eu percebi que afinal também havia alguma coisa de positivo e inconformista no fado. E foi o primeiro fado inteiro que eu cantei com a consciência que cantava fado, dantes tinha cantado a ‘Tranças Pretas’, ‘O Embuçado’, aquilo que na gíria fadista chamamos bandarilhas”, afirmou.
Para o fadista, “o fado tornou-se uma canção de moda, o que é péssimo para o fado, pois tudo que entra na moda, sai de moda”, lamentando que hoje muitos fadistas a quem deu visibilidade pareçam ter “vergonha de cantar fado”, andando “a cantar coisas que não têm nada com fado, e no capítulo emocional estão muito mais perto, da canção tradicional/popular, do que o fado propriamente dito”.
O ano de 1967 marca a sua estreia de João Braga como profissional, tendo editado o disco “É Tão Bom Cantar o Fado”, três outros EP e o álbum “A Minha Cor”.
João Braga, ainda estudante universitário de Direito, cantou o fado e foi redator dos jornais O Século Ilustrado e O Volante, tendo feito parte, com o divulgador de jazz Luis Villas-Boas, da equipa fundadora do I Festival Internacional de Jazz de Cascais, em 1971.
No ano anterior tinha fundado a revista Musicalíssimo, de que foi editor até 1974. Em 1972, participou no Festival RTP da Canção com o tema “Amor de Raiz”.
Em novembro de 2014, João Braga apresentou no Teatro S. Luiz, o espetáculo “Saudade Património do Fado”, dez anos depois da última vez em que tinha subido àquele palco lisboeta, em nome próprio, tendo no final do espetáculo recebido a Medalha de Mérito, grau ouro, da cidade de Lisboa.
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