Investigadores em Espanha analisaram os traços de personalidade de 24 orcas em cativeiro, nos Estados Unidos e nas Canárias - seis foram capturadas na natureza, enquanto as restantes já nasceram em cativeiro - e utilizaram questionários preenchidos por treinadores e outros funcionários que trabalham de perto com os animais para classificar cada orca estudada numa lista de 38 traços de personalidade, incluindo a brincadeira, a independência, a teimosia, a coragem, a sensibilidade e a proatividade.

Estas características foram analisadas e comparadas com estudos anteriores sobre os mesmos traços de personalidade nos chimpanzés e nos humanos, refere um comunicado da AAP sobre o estudo, publicado hoje no boletim científico “Journal of Comparative Psychology”.

“Este é o primeiro estudo a examinar as características de personalidade das orcas e de como estão relacionadas com os humanos e outros primatas”, explicou a autora principal do estudo, Yulán Úbeda, estudante de doutoramento na Universidade de Girona, em Espanha.

“Estes traços similares de personalidade podem ter sido desenvolvidos porque foram necessários para formar as complexas interações sociais em grupos bem unidos que vemos nas orcas, humanos e outros primatas”, precisou.

O estudo usa um marcador comum de personalidade designado Modelo dos Cinco Fatores - extroversão, consciencialização, cortesia, dominância e cuidado.

O modelo, que foi desenvolvido nos anos 30, descreve características de personalidade usando uma combinação de adjetivos isolados ou frases descritivas.

Os investigadores descobriram que alguns traços de personalidade das orcas eram semelhantes aos dos humanos e chimpanzés.

“As orcas foram semelhantes aos humanos e chimpanzés no fator extroversão (brincadeira, sentido gregário e social)”, lê-se no comunicado.

As orcas e os chimpanzés partilham também uma combinação de traços de personalidade na consciencialização (constância, teimosia e proatividade) e amabilidade (paciência, pacificação e não agressão), juntamente com algumas características relacionados com a dominância.

De acordo com a AAP, as descobertas podem sugerir alguma evolução convergente, em que as características de personalidade das orcas e dos primatas se assemelham devido às avançadas capacidades cognitivas necessárias a interações sociais complexas.

As orcas podem viver até aos 90 anos em grupos unidos que caçam juntos e partilham a comida, demonstrando avançadas capacidades de comunicação e coordenação.

Estes traços receberam cobertura noticiosa internacional quando uma orca de 20 anos, conhecida como J-35 ou Tahlequah, começou a empurrar a cria recém-nascida morta, em julho, na costa da Ilha de Vancouver, no Canadá.

Com a ajuda de outros membros do clã, manteve a cria morta a flutuar durante 17 dias, enquanto nadou centenas de milhas, num esforço exaustivo que interferiu com a capacidade do grupo para caçar.

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