Este artigo tem mais de um ano
Aos 22 anos, Justine vive com os avós e o primo, Jules, desde que os pais de ambos morreram num acidente. Os dias de Justine parecem suceder-se sem que nada se altere: trabalha nas Hortênsias, um lar de idosos na pequena aldeia onde habita, e adora conversar com os residentes. Entre eles, está Hélène, uma centenária cujo sonho sempre foi aprender a ler. Justine e Hélène criam um profundo laço de amizade, alimentado pelas horas que passam a escutar-se e a partilhar memórias e sentimentos. E eis que, enquanto as conversas se multiplicam, três coisas acontecem: Justine começa a interrogar-se sobre a morte dos pais, compra um caderno no qual começa a escrever regularmente, e, no lar, surgem estranhos telefonemas que vão provocar uma pequena revolução nas Hortênsias. De que forma se entrelaçam as histórias? Como podem as antigas e novas memórias fazer Justine mudar o rumo da sua vida? O SAPO24 publica um excerto de “Os Esquecidos de Domingo”, de Valérie Perrin, autora de “A Breve Vida das Flores”. Um livro editado pela Presença e nas livrarias a partir de 2 de novembro.
![](/assets/img/blank.png)
1
Fui comprar um caderno à loja do Ti’ Prost. Escolhi um azul. Não quis escrever o romance de Hélène num computador porque me apetecia passear a história dela no bolso da bata.
Voltei para casa. Na capa, escrevi «A Senhora da Praia». E na primeira página:
Hélène Hel nasceu duas vezes. No dia 20 de abril de 1917, em Clermain, na Borgonha, e no dia em que conheceu Lucien Perrin, em 1933, mesmo antes do verão.
Em seguida, enfiei o caderno azul entre o meu colchão e o estrado, para imitar os filmes a pretoebranco que o vô vê no Cinema da MeiaNoite, durante os serões de domingo.
E depois voltei para o trabalho porque estava de plantão.
Comentários