Com o “ponto alto” da festa a acontecer no dia 07 de julho, com a saída de 748 tabuleiros (mais 58 que em 2015) – transportados à cabeça por raparigas trajadas de branco –, a Festa dos Tabuleiros, uma das manifestações culturais e religiosas mais antigas de Portugal, realiza-se por decisão da população, que se reúne um ano antes, iniciando os trabalhos de confeção das flores para os tabuleiros e para a ornamentação das ruas.
No fim de semana de abertura da festa, o destaque vai para o Cortejo dos Rapazes, tradição retomada na festa de 1991 e que reproduz, à dimensão das crianças, o grande cortejo dos Tabuleiros.
Maria João Morais, mordoma da Festa dos Tabuleiros, disse à Lusa que este ano o cortejo, que sai às 10:00 de domingo da Mata dos Sete Montes, conta com a participação de 1.650 crianças dos três aos dez anos, com as mais pequenas a transportarem “cestinhas” em vez de tabuleiros, realizando-se à tarde a primeira edição dos Jogos Populares dos Rapazes, versão infantil desta componente tradicional do evento.
A parte cultural abre ao final da tarde de sexta-feira com a inauguração, no Centro de Estudos em Fotografia, na Casa dos Cubos, da exposição “A Festa, o saber e o gesto… De 1884 aos dias de hoje – a prática festiva em imagens”.
A partir de sábado, no Convento de Cristo, será possível ver a exposição retrospetiva da obra do arquiteto Bartolomeu Costa Cabral, “Ética das Coisas” (patente até 15 de setembro), abrindo à tarde as exposição de pintura “Flores e Amores”, de Teresa d’Azevedo Coutinho, na Casa Manuel Guimarães, "Aguarelas de Tomar", de José Inácio Costa Rosa, na casa Vieira Guimarães, e “A Nossa Terra… a Nossa Festa”, do Agrupamento de Escolas Templários, na galeria do Instituto Politécnico de Tomar.
No Complexo Cultural da Levada vão ser inauguradas as exposições "No Coração da Festa", de Luís Ribeiro, Paulo Ferreira e Manuel Gil, “Retalhos dos Dias”, de João Costa Rosa, joalharia "Coleção Ordem do Templo", de Inês Costa Araújo, e “LYKEION”, dos Antigos Alunos do Liceu.
Ainda no Complexo da Levada, no Moinho da Ordem, será apresentado o livro "Sentir a Festa dos Tabuleiros… à conversa com...", dos alunos da turma E do 6.º ano, do Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria, abrindo, na Moagem A Portuguesa, a Mostra de Sabores e Artesanato.
À noite, realiza-se, no Mouchão, o 35.º Festival Nacional de Folclore do Minjoelho, e, no Jardim da Várzea Pequena, a banda MT 80, DJ Paulino Coelho e DJ White dão início às Noites no Coreto.
O cartaz de espetáculos inclui, domingo, as atuações da Orquestra de Sopros dos Templários, no cineteatro, Lara Martins e SmallBigBand Canto Firme, no Mouchão, e Banda T, no Coreto.
A inauguração das ruas ornamentadas vai acontecer quinta-feira 04 de julho, o Cortejo do Mordomo será no dia seguinte e os Cortejos Parciais dos Tabuleiros a 06, dia em que se disputam as finais dos jogos populares e se expõem os tabuleiros na Mata dos Sete Montes (de acesso ao Convento de Cristo), com o grande cortejo a acontecer no dia 07, encerrando a festa no dia 08, quando é feita a distribuição do Bodo ou Pêza.
A primeira saída da festa aconteceu em 21 de abril, domingo de Páscoa, com a Procissão das Coroas e Pendões do Espírito Santo, estando ainda a decorrer os trabalhos de montagem dos tabuleiros nas 11 freguesias do concelho, disse Maria João Morais.
Os tabuleiros da festa de Tomar, únicos com esta forma nas tradicionais festas do Espírito Santo que se realizam um pouco por todo o país, têm na base um cesto de verga que é enfeitado com um pano bordado ou em renda.
No cesto são espetadas cinco ou seis canas, dependendo da altura da rapariga que o vai transportar, que levam cinco ou seis pães (no total têm de ser obrigatoriamente 30), numa estrutura que é enfeitada com coloridas flores (papoilas e espigas são obrigatórias) e encimada com uma coroa que leva uma pomba branca ou a cruz da Ordem de Cristo.
A rapariga traja de branco com uma faixa da cor dominante do tabuleiro que transporta à cabeça (com cerca de 10 quilogramas), cor que o rapaz usa também na gravata e na cinta que enfeitam o fato de camisa branca e calça preta.
Com origem pagã, simbolizando a época das colheitas, a Festa dos Tabuleiros adquiriu caráter religioso na Idade Média, com a Rainha Santa Isabel, estando em curso os trabalhos de investigação para sustentação da candidatura a Património Nacional e posteriormente a Património Imaterial da UNESCO.
Dada a sua complexidade, a festa realiza-se de quatro em quatro anos, tendo havido apenas uma edição em que o povo decidiu adiar a sua realização por um ano, por coincidir com a Expo 98, evento no qual participou com um cortejo a convite do então Presidente da República, Jorge Sampaio.
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