Esta linha de ação foi transmitida por Pedro Adão e Silva no final de uma visita ao Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM) da Cinemateca Portuguesa, em Bucelas, município de Loures, em que esteve presente o primeiro-ministro, António Costa.
No seu breve discurso, após uma breve visita às instalações da ANIM, o ministro começou por defender a tese de que a “cultura é por definição preservação e criação — uma relação dinâmica”.
“Estamos aqui perante um investimento muito forte, muito significativo e sem precedentes no que respeita à preservação da história do cinema português. São mil filmes que vão ser digitalizados até 2026”, salientou.
De acordo com Pedro Adão e Silva, neste processo já foram até ao momento digitalizados 103 filmes e o investimento total previsto será superior a oito milhões de euros, verba à qual se junta um milhão de euros para a modernização do ANIM.
“No final de 2026, todo o património cinematográfico português à guarda da Cinemateca estará digitalizado”, assinalou, antes de advertir que o património não pode ser encarado como “um arquivo morto”.
“Tem de ser sempre uma relação dinâmica. Esta digitalização aqui em curso vai coexistir com uma modernização e a expansão da rede de teatros e cineteatros. Haverá uma modernização de equipamentos que permitirá que as pessoas vejam os filmes que estão a ser digitalizados”, completou o titular da pasta da cultura.
Na sua intervenção, o ministro da Cultura considerou que a evolução a nível mundial “torna ainda mais premente o investimento público no estímulo ao cinema”.
“O programa orçamental da cultura de 2022 para 2023 cresceu em 23%. E no que respeita aos apoios ao cinema e ao audiovisual, esse crescimento ainda é mais significativo: Uma variação de 44%, mais 10 milhões de euros”, especificou.
Do ponto de vista político, Pedro Adão e Silva insistiu que “a democratização é um eixo fundamental da estratégia de cultura”.
“Temos barreiras que criam desigualdades ao nível da fruição cultural em Portugal — barreiras que têm uma dimensão socioeconómica, mas outras que têm uma dimensão geográfica. Quebrar essas barreiras é quebrar a desigualdade no acesso à cultura. De certa forma há uma feliz coincidência entre a digitalização do património do cinema português e um outro investimento importante do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) relativo à aquisição de projetores digitais para a rede de teatros e cineteatros”, apontou.
Relativamente a este último programa, Pedro Adão e Silva adiantou que os contratos serão anunciados esta semana.
O primeiro-ministro disse depois que nestes investimentos estarão compreendidas medidas de eficiência energética e de digitalização, designadamente “dotar 155 salas do país com equipamento para projeção digital”.
“Um projeto que casa com este que está em curso relativo à digitalização do cinema português. Com esse investimento permite-se a projeção digital, mas também a transmissão em streaming de espetáculos que estejam a ser realizados ao vivo nas artes performativas, como o bailado, música ou teatro”, acrescentou António Costa.
Em matéria de descentralização da cultura, Pedro Adão e Silva sustentou a ideia de que poderá ter “um efeito multiplicador”.
“Se mais pessoas lerem livros, virem filmes, bailado, teatro ou ópera, a possibilidade de termos mais realizadores, atores, encenadores, bailarinos e artistas será tanto maior. Se a oferta cultura se democratizar, se chegar a mais amplas camadas sociais, no futuro isso traduzir-se-á numa criação mais plural, refletindo de forma mais rica a diversidade do país e das experiências contemporâneas da sociedade portuguesa”, defendeu o membro do executivo.
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