Os músicos Ariel Rodrigues (piano), José de Geus (clarinete) e Sofia Queiroz (contrabaixo) e três atores-cantores — Bruno Huca, Júlia Valente e Sílvia Filipe — vão ocupar o palco da sala Mário Viegas onde palavras e música se entrecruzam numa divagação e reflexão sobre a felicidade, disse à agência Lusa a criadora do espetáculo Cristina Carvalhal, que o define como “uma peça-concerto ou peça-recital”, ainda que “de vez em quando se espraie para o teatro”.

As cenas a que os espetadores podem assistir vêm de histórias do dia-a-dia: um gesto de amor, um gesto de solidariedade demonstrado por uma pessoa desconhecida, a tranquilidade de um espaço verde ao final de tarde, o que fica depois de se olhar um quadro numa galeria de arte, canções cantadas em voz alta, murmúrios trocados a dois num ‘lobby’ de hotel.

Sem personagens nem cenas com sequência lógica, a ideia de conceber este espetáculo data da pandemia de covid-10, numa altura em que “momentos felizes” faziam falta, acrescentou a autora.

“Precisávamos muito de alegria, celebração, de cantar dançar, beber”, disse Cristina Carvalhal à agência Lusa, lembrando um espetáculo que fez com Sílvia Filipe (“Sou Uma Ópera, Um Tumulto, Uma Ameaça”, 2021) e um momento em que esta atriz, de repente, começou a cantar, levando-a a aperceber-se que daí “podia começar outro espetáculo”.

Dessa vontade que “ficou lá no fundo de fazer alguma coisa à volta da música com Sílvia Filipe” e de colaborações anteriores com o músico João Henriques, acabou por nascer o desenvolvimento deste projeto em conjunto.

À medida que iam reunido material, descreve a criadora, também se foram apercebendo de que “a felicidade” é um tema tão vasto “que às vezes é muito difícil falar” dela.

A peça-concerto foi surgindo assim, construída pelos seis participantes, a partir da recolha de várias histórias, dando forma a uma espécie de “performance musical” em que o que importa é que “ecoem notas de alegria e de felicidade”, acrescentou Cristina Carvalhal.

Num espetáculo em que música e palavras se “vão cosendo também com alguma filosofia”, também há humor e lugar para a “estranheza”, para que não soe apenas a algo familiar.

É também, concluiu a atriz e encenadora, um espetáculo que serve para “refletir” sobre a “indústria da felicidade que a sociedade nos anda a impingir há anos”.

Com criação de Cristina Carvalhal e João Henriques, “Da felicidade” tem direção musical de Ariel Rodriguez, luz de Anaísa Guerreiro e figurinos de Ana Vaz.

“Da felicidade” vai estar em cena até 16 de julho, com sessões de quarta-feira a sábado, às 19:30, e, ao domingo, às 16:00, no Teatro S. Luiz.

Os bilhetes custam 12 euros e já podem ser adquiridos aqui.