O rol de “participações especiais” neste espetáculo, no grande auditório do CCB, inclui ainda os músicos Augusto Fragoso, Heather Conrad e Hugo Fernandes, sendo o fadista acompanhado por André Dias, na guitarra portuguesa, António Neto e Tiago Silva, na viola, e Daniel Pinto, no baixo.
Pedro Moutinho, de 40 anos, afirmou à Lusa que pretende que o seu novo álbum, “O fado em nós”, “faça sentir o fado que existe em todos nós”, refletindo tradição e contemporaneidade.
“Este meu CD é um convite que eu faço e uma vontade que eu tenho, que, ao ouvirem este trabalho, sintam o fado que existe em todos nós. Não só os que gostam de fado, como os que o estão a descobrir”, disse à Lusa.
Pedro Moutinho afirmou que o álbum “reflete uma tradição, mas com palavras e músicas de hoje”, tendo escolhido os diferentes temas “a pensar no fado que há em todos nós, tanto nos que cantam, como nas pessoas que o escutam”.
Por outro lado, o disco evoca referências fadistas de Pedro Moutinho, tanto de autores como de intérpretes, e “daí a recriação de alguns temas, de Tony dos Matos ou de Carlos Ramos, e a escolha de algumas melodias fadistas tradicionais”, como os fados Amora e Tango, de Joaquim de Campos, da Adiça, de Armandinho, Macau, de Jaime Santos, ou o da Saudade, de Fernando Carneiro de Carvalho.
“Eu, como fadista, preciso disso, tanto do meu passado como do meu presente, e daí as letras da Manuela de Freitas, da Amélia Muge, e foi isso o mais importante para mim neste disco”, disse Moutinho, distinguido em 2008 com o Prémio Amália Rodrigues para o Melhor Álbum.
“O fado em nós”, editado em fevereiro último, conta 13 temas, entre inéditos e recriações do repertório fadista, e foi gravado por Amândio Bastos, no auditório do Museu do Fado, em Lisboa, de 01 a 05 de novembro do ano passado, com produção e direção musical de Carlos Manuel Proença.
Pela primeira vez, Pedro Moutinho canta um poema de Maria Rosário Pedreira, “Ao Deus Dará”, que interpreta na melodia do Fado da Saudade.
Outros autores contemporâneos são Manuela de Freitas, de quem canta “Só um Beijo”, “Apenas uma História” e “Sem Querer”; e Amélia Muge, que assina a letra e música de “Leva-me Contigo” e a letra de “Fado em Nós”, que canta na melodia do fado Zé Grande, de Francisco José Marques, tendo ainda ajudado na seleção das quadras de Fernando Pessoa, poeta que gravou no seu segundo disco, e compôs “Se eu pudesse dizer”, que interpreta na melodia do fado Adiça.
Amélia Muge tinha já escrito para o fadista “Um copo de sol”, do álbum homónimo, editado em 2009.
“Escolho sempre as pessoas de quem gosto e que me conhecem. Neste disco, pedi uma letra à Maria Rosário Pedreira, de quem gosto muito, depois a Amélia Muge ajudou-me nas quadras que gravei do Pessoa e, a seguir, porque há muito tempo não fazia recriações, escolhi poemas que desde sempre me habituei a ouvir e a gostar”.
Vasco de Lima Couto, Alexandre O’Neill, Lourenço Rodrigues, Aníbal Nazaré, Júlio de Sousa e João Fezas Vital são outros dos letristas que escolheu.
“Acima de tudo faço aquilo de que gosto, sem me preocupar com os resultados. O mais importante é cantar aquilo de que gosto e crescer como homem e fadista, de forma natural, e que isso se reflita no meu trabalho”, rematou.
Comentários