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VOLTAR
A maior parte de nós tem lembranças de momentos ou de locais onde se sentiu particularmente feliz.
Não sou passadista, o que sucedeu já foi e tento ter uma memória selectiva. Porém, se apagar o desagradável é tarefa natural, que alimento por sanidade mental, já o mesmo não acontece com aquilo que me fez feliz. Basta um odor, uma cor, uma luz para despertar na minha memória a situação antes vivida. Não se trata de um lamento ou de uma tristeza. É, antes, uma espécie de conforto, de alegria serena, diria mesmo de uma forma de gratidão a posteriori, de me ter sido possível voltar àquilo que me fez feliz.
O regresso a Paris foi um retorno a tudo o que me deu felicidade e encheu o meu coração. Foi, também, talvez, a viagem de um eventual, mas grato adeus, a tudo o que Paris me permitiu viver!
A MORTE E A VIDA
A única certeza que temos na vida é a morte. Apesar disso, ninguém nos prepara, na nossa educação, para esse facto. O primeiro contacto que tive com esta questão foi aquando da perda do meu avô materno. Doeu‐me imenso, mas a minha família sempre me ensinara que a morte era o preço da vida. Depois, havia de perceber que ela também chegava aos novos, quando a tuberculose levou a Edith, minha colega de liceu.
Passaram‐se tantos anos e as crianças continuam a ser poupadas ao fim da vida como uma sequência natural desta. Porquê, se todos os estudos apontam para a necessidade de preparar para a naturalidade de um tal acontecimento? Hoje, sei que devo à educação familiar a serenidade com que encaro o dia em que partirei, sem que isso seja uma ideia que me persiga!
RIR
Rir faz bem, sejam quais forem as razões desse riso. Limpa a alma, abre o coração, e a vida fica menos cinzenta. Gosto de rir, e esse gosto tem sido um belo suporte na minha vida. Rir com os amigos é algo que não se esquece. Podemos olvidar as causas, mas não esquecemos a alegria que tivemos.
«Muito riso, pouco siso», dizia o povo. Mentira. Muito riso, feliz juízo. Aprendam a rir, e a vida vai parecer‐vos mais leve, menos ingrata, menos dura. E as pessoas tornar‐se‐ão mais próximas e acessíveis, aceitando melhor o que menos lhes agrade!
O TEMPO PASSA...
Nem sempre o tempo cronológico corresponde ao dos sentimentos. É sobre essa diferença que aqui se irá falar.
É engraçado, passamos boa parte da nossa vida na esperança de que algo mude, acreditando que ele vai parar de beber, que ela vai parar de fumar, que ele vai parar de ser grosseiro, e que ela vai parar de ser ciumenta e dramática. Acreditamos, até, que, em dada altura, vão olhar‐se olhos nos olhos e falar sobre sentimentos. Ou que ela lhe vai dizer que não se importa que ele saia com a antiga namorada.
De facto, sempre esperamos coisas um pouco absurdas. Mas o que eu realmente quero dizer é que esperamos muito que o outro mude, mas esquecemo‐nos de também mudarmos. Sei que muitas vezes tentamos fazê‐lo e o outro parece não se aperceber, o que é frustrante. Porém, se alguém faz a sua parte e não se cansa, porque tem de esperar que os outros façam certas mudanças?
Então, mova‐se e mude. Quem sabe, talvez percebamos que bastava ter dado um passo em frente para enxergarmos melhor aquilo que estava à nossa frente e não fomos capazes de ver.
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