Apresentado fora de competição, "Beetlejuice Beetlejuice" conta o reaparecimento do fantasma excêntrico (Michael Keaton) na mesma mansão onde gosta de aterrorizar, com toques de humor ácido, uma família disfuncional (Winona Rider e Catherine O’Hara).

Também aparecem na trama Monica Bellucci, atual companheira de Tim Burton, e a jovem Jenna Ortega (21 anos), nova vítima do fantasma de aparência pegajosa.

"Nos últimos anos, fiquei um pouco dececionado com a indústria cinematográfica", confessou Burton numa conferência de imprensa antes da estreia.

Burton garantiu que foi o sucesso da sua série televisiva gótica e humorística "Wednesday", protagonizada por Jenna Ortega, que lhe deu coragem novamente. "Eu disse a mim mesmo: "Se tiver que fazer algo de novo, tem que vir do coração", disse.

"Senti como se me tivesse perdido de certa forma. Então fazer esse filme deu-me energia novamente, foi um retorno às coisas que gosto de fazer, do jeito que gosto de fazer, com as pessoas que eu amo".

"O engraçado deste filme é que nunca entendi as razões do seu sucesso", confidenciou o diretor de "Eduardo Mãos de Tesoura" e "Marte Ataca!".

"Levei 35 anos para filmar" a sequela, explicou. "Matematicamente, isso significa que deveria ter mais de 100 anos" para outro episódio, acrescentou em tom jocoso.

"Com os avanços da medicina é possível, mas acho que não!", brincou.

Michael Keaton, de 72 anos, voltou a protagonizar com prazer as travessuras humorísticas do irreprimível "Beetlejuice", garantiu aos jornalistas.

Como o personagem já está morto, "ele não envelheceu, só está com um pouco mais de mofo", afirmou.

Beetlejuice e outras estrelas de Hollywood na abertura do 81º Festival de Veneza

O 81º Festival de Cinema de Veneza começa, esta quarta-feira (28), com a segunda parte de uma clássica comédia dos anos 80, "Beetlejuice", de Tim Burton, um ótimo aperitivo para uma competição repleta de estrelas de Hollywood.

Com 21 filmes em competição, o festival volta a confirmar-se como a vitrine ideal para grandes produções americanas a poucos meses da seleção para o Oscar.

Embora a competição seja dominada pelos Estados Unidos e pela Europa, destacam-se a primeira longa-metragem em inglês do diretor espanhol Pedro Almodóvar ("The Room Next Door") e duas produções da América Latina: "El Jockey" de Luis Ortega e "Ainda Estou Aqui" do brasileiro Walter Salles.

Na categoria documentários, a brasileira Petra Costa destaca-se com "Apocalipse nos trópicos", obra sobre a influência do evangelismo na vida política do país.

O festival sofreu o impacto das greves de Hollywood no ano passado, mas o retorno é importante: Angelina Jolie, Nicole Kidman, Brad Pitt, George Clooney, Antonio Banderas, Joaquin Phoenix e Lady Gaga, entre outros, foram convidados para o Lido.

Angelina Jolie coloca-se a serviço do chileno Pablo Larraín, que assina uma nova biografia de Maria Callas.

Cinema de mulheres poderosas

Almodóvar filmou "The Room Next Door" no interior do estado de Nova York, depois de duas curtas-metragens anteriores em inglês e anos de dúvidas e convites tentadores de Hollywood.

O filme, um drama repleto de diálogos no mais puro estilo almodovariano, narra a amizade entre duas mulheres, Julianne Moore e Tilda Swinton, no crepúsculo das suas vidas.

Almodóvar já ganhou o prémio de melhor roteiro da Mostra em 1988 com "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos".

Por sua vez, Nicole Kidman protagoniza uma tórrida história de amor com "Babygirl", em competição, dirigida por Halina Reijn, com Harris Dickinson e Antonio Banderas.

O festival entra numa disputa aberta com o maior festival do mundo, Cannes, para atrair estrelas e produções, e nesta ocasião aposta mais uma vez nas séries televisivas, formato que conquistou definitivamente o mundo do entretenimento.

Com Cannes, "fazemos o mesmo trabalho (...), certamente com um pouco de concorrência saudável, mas é justo que seja assim, é inevitável", explicou à AFP o diretor do Festival de Veneza, Alberto Barbera.

O mexicano Alfonso Cuarón apresenta "Disclaimer", uma série com Cate Blanchett como protagonista. O espanhol Rodrigo Sorogoyen assina "Los Años Nuevos", uma história de amor que se desenrola ao longo de uma década inteira.

A Festival de Veneza, o festival de cinema mais antigo do mundo, é "como um ecossistema" que deve ser preservado, disse a presidente do júri, a atriz francesa Isabelle Huppert.

O júri entregará os prémios no dia 7 de setembro.