Depois de ter tido estreia em agosto passado em Londres, “Blindness”, título inglês do romance “Ensaio sobre a cegueira”, começou uma temporada em Nova Iorque, assinalando a reabertura ao público dos espaços culturais da cidade, em fase de desconfinamento.

Sem atores e sem palco, “Blindness” é um espetáculo assinado pelo dramaturgo inglês Simon Stephens e é descrito como uma “experiência de luz e som”, com o devido distanciamento social entre espectadores, que estão numa sala, sentados em pares e munidos de auscultadores.

A história distópica criada por José Saramago, parábola sobre a Humanidade a partir de uma estranha cegueira branca que atinge uma cidade, é contada aos espectadores de “Blindness” através dos auscultadores, pela voz da atriz britânica Juliet Stevenson, e ambientada por um trabalho conceptual de luzes e sons dentro da sala de teatro.

O espetáculo ficará em cena em Nova Iorque até setembro.

“Isto não é teatro tal como o conhecemos, mas serve-nos de guia para o futuro. Não se pode estar no teatro e não correr riscos, mesmo na melhor época”, afirmou a produtora Daryl Roth à revista Variety, assumindo que está a arriscar ao apresentar este espetáculo.

A produtora considera que, em tempo de pandemia, e com o processo de vacinação global a decorrer a várias velocidades, “ainda não é seguro ter atores e espectadores” numa sala de espetáculos.

Simon Stephens esteve três anos a trabalhar na adaptação do romance de Saramago para este espetáculo, que teve estreia no verão passado em Londres, assumindo agora novas interpretações já em pleno contexto de pandemia da covid-19.

“É sobre a possibilidade de recuperação. É sobre alguém que sobrevive e recupera de algo inimaginável; e contar a história desta extraordinária recuperação precisamente no momento em que estamos, é uma provocação de esperança”, afirmou o dramaturgo, citado pela Variety.

José Saramago publicou “Ensaio sobre a cegueira” em 1995, três anos antes de ser distinguido com o Nobel da Literatura.

O romance foi adaptado para cinema em 2008 pelo realizador brasileiro Fernando Meirelles, com estreia mundial na abertura do festival de cinema de Cannes.

Em 2019, também o encenador Tiago Rodrigues partiu deste romance de Saramago — e também de “Ensaio sobre a lucidez” — para a criação da peça “Blindness and Seeing”.

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