Quem tem medo do lobo mau? A pergunta faz parte do imaginário de cada um de nós na tentativa de injeção de porções de medo no outro. Uma espécie de vacina administrada com as histórias da carochinha contadas às crianças ao longo dos tempos na fábula dos "Três Porquinhos" ou do "Capuchinho Vermelho".

Ora, na Cordoaria Nacional, em Lisboa, esta frase das fábulas contraria a lógica infantil, criando algo mais próximo de um mito urbano.Naquele espaço à beira do rio Tejo, em 500 metros quadrados de área de exposição, poucos são os que têm efetivamente medo do lobo mau e, ao invés, muitos são aqueles que exorcizam os seus medos, aproximando-se do lobo ali presente para tirar uma fotografia. A aproximação é tal que colam objetivamente a cara ao bicho. Uma verdadeira loboselfie com o lobo mexicano (cientificamente designado como Canis lupus baileyi), uma espécie em vias de extinção com apenas 150 animais vivos. É ele o rei da Photo Ark, exposição fotográfica com o selo da National Geographic assinada pelo fotógrafo Joel Sartore.

O telemóvel não serve ali, no entanto, só para registar o momento em que homens, mulheres e crianças juntam a sua imagem às das espécies ali retratadas, do mais pequeno ao de maior porte. Doze destas fotografias apresentam um QR Code (pode ouvir o exemplo do lobo mexicano aqui) que permite saber mais sobre a dita espécie, um trabalho desenvolvido pela equipa da MadreMedia que produz o SAPO24  em parceria com a National Geographic.

Esta exposição, a mais visitada de sempre da National Geographic, considerada "a maior arca fotográfica" do mundo, estará em Lisboa até 5 de maio. Das 100 fotografias expostas, doze foram tiradas em Portugal. Dos animais captados em território nacional, não poderia faltar o lobo, no caso ibérico. No entanto, cá no burgo, a estrela em vias de extinção é outra: a toupeira-de-água, um pequeno mamífero fotografado no Douro, e que foi a espécie com o número oito mil a entrar na "arca".

Com 8400 fotografias que correspondem a outros tantos animais, a lente de Joel Sartore ambiciona documentar 12 mil espécies que vivem em cativeiro, em zoológicos, reservas ou santuários selvagens em todo o mundo. Um trabalho que durará 25 anos e o levou a visitar mais de 40 países.

Um projeto da National Geographic que nasceu em 2006 quando o fotógrafo estava em casa devido aos tratamentos que a sua mulher enfrentava, após lhe ter sido diagnosticado cancro. Uma informação que absorvemos no documentário de 45 minutos que os visitantes podem assistir e que explica a razão que está por detrás da lente.

Curioso o facto do primeiro animal deste alerta global ser um rato-toupeira-pelado, uma espécie que pode ser uma peça chave na luta contra a referida doença, fotografado no Zoológico de Lincoln, Estados Unidos da América, paredes meias com a casa de Sartore.

Lémures de Madagáscar e coelhos com o apoio da Playboy. Um alerta para pais e filhos

Uma tela preta ou branca foi e é tudo o que o fotógrafo necessitou para humanizar as espécies, seja ao ar livre, no seu meio natural, ou dentro de uma caixa (ou jaula) cobertas pelas telas, introduzindo, nesse caso, a lente por uma ranhura.

A fotografia de capa da exposição (um macaco com a cria, o olhar fixo na câmara) mostra a essência do que se pretendeu criar e, acima de tudo, serve como grito de alerta para o problema que procura retratar.

Para além da mensagem, muitos dos animais contam uma história. O faisão dos Himalaias, por exemplo. "A sua recuperação deve-se a um casal americano a viver na Califórnia", informou Susana Roque, que acompanhou o SAPO24 numa visita guiada pelas paredes da Cordoaria Nacional. "20 por cento da população está no quintal do casal", acrescentou. O rinoceronte branco do Norte, fêmea, "morreu uma semana depois de ser fotografado", acrescenta.

Entre as estrelas do filme de 45 minutos que é, tanto quanto a exposição, um foco de atenção dos visitantes, descortinamos o crocodilo Gavial, réptil que vive na India e que s distingue dos demais por ter um focinho estreito. Ficamos também a saber que há uma variante de coelho (sylvilagus palustris) que habita na Florida, EUA, que encontrou nos pântanos perto da base área de Key West o seu porto de abrigo, acabando por receber uma ajuda da Fundação Playboy. E ainda que várias espécies de lémures, o animal imortalizado no filme Madagáscar, estão seriamente ameaçadas devido à deflorestação e destruição dos seus habitats na floresta tropical em curso na ilha no Índico.

Entre bichos mais ou menos exóticos expostos nesta galeria animal há uns que estão fora do léxico e conhecimento geral, como seja o axolote (espécie de salamandra), o douc de canelas vermelhas (primata), o loris-lento de Bengala (primata), entre outros.

Para o final da Photo Ark, um vídeo e uma novidade. Um outro documentário mostra o making of de algumas das fotografias e um retrato do urso siríaco (urso pardo sírio), tirado a "25 quilómetros da fronteira portuguesa", conforme confidenciou Susana Roque, antecipa um sinal que poderá estar para breve a sua reentrada em território nacional.

Para saber mais sobre algumas das espécies patentes na Photo Ark coloque os seus auscultadores e ouça o conteúdo audio produzido pela MadreMedia para a National Geographic. Os conteúdos audio foram desenvolvidos por João Dinis, Rita Pinto Coelho e Andreia Friaças com produção e edição de som de Paulo Rascão e Pedro Santos.

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