O ator português, de 43 anos e que se popularizou a trabalhar em ficção televisiva em Portugal e no Brasil, estará focado na produção portuguesa e nos mercados do Brasil e Espanha, analisando “quais os projetos que podem e fazem sentido ser desenvolvidos”, dando-lhes “uma janela de exibição”.
“Acima de tudo é mapear esses bons projetos, onde percebemos que eles têm pernas para andar, dar toda a estrutura para eles andarem […] e dar janela de exibição, caso esses projetos também venham a ser feitos, venham a ser produzidos, venham a ser desenvolvidos”, explicou.
A plataforma de ‘streaming’ Netflix está disponível em Portugal desde 2015 e coproduziu, cinco anos depois, uma primeira série de ficção portuguesa, “Glória”, realizada por Tiago Guedes, envolvendo ainda a produtora SPi e a RTP. A estreia aconteceu em novembro de 2021.
Apesar de já ter acolhido no seu catálogo várias outras produções audiovisuais e de cinema, a Netflix voltou a coproduzir uma nova série de ficção portuguesa em 2022, a partir de um projeto selecionado num concurso de apoio à escrita de argumento, lançado em 2020 em conjunto com o Instituto do Cinema e Audiovisual.
“Rabo de Peixe”, que se estreia este mês, foi rodada nos Açores por Augusto Fraga e Patrícia Sequeira, com produção da Ukbar Filmes.
A plataforma também já teve uma parceria com a Academia Portuguesa de Cinema, para exibir filmes de mulheres portuguesas, que tivessem estado envolvidas na produção, realização ou escrita de argumento.
Ricardo Pereira explicou que a sua entrada na Netflix pode ser vista como “mais um canal para os projetos serem entregues e obviamente serem analisados”.
Por uma conjugação de vários fatores, como a criação do sistema de ‘cash rebate’ e do Fundo de Apoio ao Turismo e ao Cinema, a existência de uma Portugal Film Commission e a entrada de mais plataformas no mercado português, Ricardo Pereira acredita que Portugal deu “um pulo muito grande”.
“Acho que nos últimos anos em Portugal temos dado um pulo muito grande e não só na qualidade dos projetos, como eles têm viajado para fora do país”, disse, sublinhando que é preciso mais investimento.
“Acho que todos nós, produtores, atores, realizadores, todos os ‘players’ que existem no mercado, todos os canais de televisão devemos sempre querer. […] Queremos sempre que haja mais investimento”, disse.
O contrato de Ricardo Pereira com aquela plataforma incluirá ainda trabalho como ator e, no futuro, como realizador.
Por razões de confidencialidade, não disse por quantos anos estará ligado à empresa, nem deu detalhes sobre os projetos em que está já envolvido.
“É um contrato que me permite ir para o mundo. […] É uma janela de oportunidade artística que eu há muito buscava”, afirmou a propósito do seu trajeto pessoal.
Com mais de duas décadas de carreira na representação, em cinema, teatro e televisão, Ricardo Pereira teve uma longa ligação ao canal televisivo SIC e com a brasileira TV Globo, pela qual participou em várias produções de telenovela.
Na estação de televisão portuguesa entrou, por exemplo, nas novelas “Amor Amor” (2021), “Alma e Coração” (2018-2019), “Perfeito Corçaão” (2009-2010) e “Laços de sangue” (2010-2011). No Brasil, participou em “Como uma onda” (2004-2005), “Negócio da China” (2008), “Joia Rara” (2013) ou a mais recente telenovela “Cara e Coragem” (2022).
No cinema, trabalhou com nomes como Mário Barroso, Raul Rouiz, Vicente Alves do Ó e Ivo M. Ferreira.
Sobre a SIC, disse que manterá uma colaboração como apresentador e com a TV Globo fecha-se um capítulo.
“Em relação à Globo encerrámos e começamos agora um novo ciclo com a Netflix. Este contrato também permite, de certa forma, que eu tenha outras janelas de oportunidade também, eventualmente em outros projetos, em outros lugares. Mas o foco agora é cuidar do mercado português da Netflix, como produtor criativo e trabalhar também como ator”, esclareceu.
Questionada pela agência Lusa, fonte oficial da Netflix não quis divulgar quais os valores de investimento no setor audiovisual português nem o número de subscritores em território nacional.
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