“Quando li o argumento, vi que havia alguns desvios drásticos em relação à forma como Bruce Wayne é retratado”, disse Robert Pattinson, numa conferência de antecipação do novo filme de Matt Reeves na qual a Lusa participou.
Ao contrário de versões anteriores da personagem, que já foi interpretada por nomes como Adam West, George Clooney, Christian Bale e Ben Affleck, o Bruce Wayne do novo filme não é um milionário elegante com uma vida social razoável, não é dado à boa vida e não tem grande carisma.
“Aqui, ele deixou o Bruce murchar”, descreveu Pattinson. “Desde que os pais morreram ele murchou e não trabalhou em si próprio, salvo desta forma obscura que é o ‘alter ego’, onde ele quer viver cada vez mais”.
A força magnética de Batman, por oposição à quase irrelevância de Bruce Wayne, domina a narrativa e oferece uma forma diferente de olhar para a origem do ‘homem-morcego’ e a sua tragédia pessoal.
“Penso que ele não tem um grande controlo sobre o que lhe está a acontecer quando veste aquele disfarce. É outra pessoa quando o veste e está viciado nisso”, disse Robert Pattinson. “Quando o Riddler aparece é como se ele tivesse mais medo de a sua identidade ser revelada do que de morrer”.
“The Batman” é uma aparição quase gótica, que busca inspiração no legado do cinema ‘noir’.
“O Batman nem sequer é conhecido como Batman na cidade, é literalmente um homem qualquer com um disfarce vestido”, descreveu Robert Pattinson. O ator criou uma versão sombria, carrancuda e desconfortável de um dos super-heróis mais populares da DC Comics.
“Uma das coisas que perguntamos no início e pedimos à audiência que pergunte é porquê esta capa e disfarce”, afirmou o ator Jeffrey Wright, que interpreta o comissário Gordon. “Não assumimos que é heroica nem que representa todas estas coisas que ao longo do tempo viemos a conhecer do Batman, vemo-la como estranha”.
O ator descreveu o novo filme como uma viagem às origens da banda desenhada e a sua tradição de contar boas histórias de detetives.
“O que me entusiasmou em relação a este argumento e a visão de Matt Reeves foi que ele estava a fazer um Batman para o momento presente e a homenagear a história da saga, desde 1939 até agora”, afirmou, “imbuindo o filme de relevância e de uma Gotham do século XXI, que penso que foi muito entusiasmante e será emocionante para os fãs”.
Wright disse que a sua personagem, o histórico aliado de Batman na luta contra a corrupção em Gotham City, não tem necessariamente mais profundidade nesta versão, mas certamente “tem um peso maior” na parceria com o vingador mascarado.
O filme, disse, “é moderno, é de agora, mas também é baseado nas origens dos personagens, que tem a ver com o trabalho de detetive e todas essas coisas boas”.
A forma como Reeves retratou Catwoman nesta história também é bastante diferente: a personagem, interpretada por Zoë Kravitz, não assume o nome pelo qual é conhecida neste universo DC, é apenas Selina.
“O que é incrível é que este filme funciona se retirarmos [os disfarces] das personagens, é um feito notável”, disse Kravitz, considerando que a história continuaria a ser apelativa mesmo que os protagonistas não fossem Batman, Catwoman e Riddler.
Ainda assim, a atriz disse que vestir a pele de Selina Kyle se revelou intimidante. “A parte mais difícil foi esquecer que estas são personagens icónicas”, afirmou. “Para honrar quem eles são, como pessoas tridimensionais, não podemos pensar neles como Catwoman ou assim”, considerou. “Temos de representar um ser humano numa situação e esperar que funcione”.
Paul Dano, que encarna o vilão The Riddler — com alguns traços inspirados no assassino do Zodíaco — disse que o argumento de Matt Reeves ofereceu aos atores a oportunidade de criarem personagens mais reais, algo “fundamentado, pessoal, emocional e psicológico, ao mesmo tempo cumprindo a espécie de obrigação arquetípica que se tem quando se entra numa mitologia”.
Foi essa a ideia com o Riddler, em que “qualquer contacto com a realidade poderia torná-lo ainda mais assustador”.
Com quase três horas de duração, “The Batman” é uma produção Warner Bros. Pictures, 6th & Idaho e Dylan Clark Productions, realizada por Matt Reeves e com direção de fotografia de Greig Fraser.
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