“Talvez seja um momento muito parecido com o que vivemos em 2012, em Lisboa, quando o país estava deprimido por causa da crise e a Cidade do Rock virou uma bolha onde você podia ser feliz e dar uma ‘esquecida’ nos problemas. Não sei se é esse o motivo, por o país estar numa fase muito difícil”, explicou Roberta Medina, em declarações à agência Lusa.
O festival, que decorre no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, termina hoje depois de sete dias em que a música não foi a única estrela, mas também o próprio recinto, transformado num parque de diversões gigante onde era possível ter uma experiência sensorial, andar de montanha russa ou participar em vários jogos.
“Acho que foi a melhor [edição] de sempre com certeza”, afirmou a vice-presidente do RIR.
Segundo a responsável, o Rio de Janeiro está “numa fase económica muito difícil”, o que faz com que as pessoas não estejam “à vontade para dar opinião” e que “amigos e família se dividam”.
Durante o festival, vários foram os artistas e visitantes que abordaram as dificuldades que o país atravessa atualmente, levando até que, em alguns concertos, os festivaleiros gritassem contra o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o que Roberta Medina viu com naturalidade.
“É obvio que manifestações políticas acontecem num ambiente como este. O festival nasceu para dar voz à liberdade de expressão e não vai ser agora que vamos mudar isso”, frisou.
Apesar de revelar que havia uma preocupação em relação a “extremismos”, a responsável indicou que foi tudo “super tranquilo”.
“De novo, provou-se que o entretenimento é um território que une pessoas, onde nos respeitamos, com opiniões diferentes, onde baixamos a guarda e não precisamos de nos defender de ninguém, onde o bem-estar de todo o mundo está acima de qualquer bandeira”, sublinhou.
Esta edição contou com seis novas atrações e, segundo Roberta Medina, todas “estiveram sempre cheias”, destacando a NAVE – Nosso Futuro é Agora, por ser algo com uma nova linguagem, o fenómeno da companhia argentina Fuerza Bruta, que mistura dança, música, jogo de luzes e acrobacias ou o New Dance Order devido à sua “beleza estética e tecnologia”.
Por esta edição passaram no palco Mundo grandes nomes internacionais, como Drake, Foo Fighters, Bom Jovi, Red Hot Chilli Pappers, Iron Maiden e Pink, além dos cabeças de cartaz deste último dia, Muse e Imagine Dragons.
Ainda faltam algumas horas para estas duas atuações, mas Roberta Medina admitiu que o concerto da cantora de pop Pink pode ter sido um dos mais memoráveis desta edição.
“É um concerto muito completo, muito performático, ela é extremamente poderosa na sua autenticidade, ma sua verdade, nas suas ideias. Além de ser exemplar em termos de performance, é que é entretenimento com história”, frisou.
A vice-presidente do festival comparou o espetáculo da cantora californiana com o de Iron Maiden, que também é “avassalador e brilhante, mas fantasioso”, ao contrário de Pink, que constrói o seu ‘show’ “em cima da vida real”.
“É muito poderoso porque as pessoas se identificam muito, não tem o escapismo da fantasia”, explicou.
Além destas atuações, Roberta Medina também destacou o “envolvente” concerto de Foo Fighters, a energia de Panic! At The Disco, Black Eyed Peas e a “mulheraça super empreendedora” que é Anitta, de apenas 26 anos, que conseguiu com que todas pessoas conheçam as suas músicas, “mesmo sem serem fãs”.
Além disso, referiu que o concerto da cantora portuguesa Blaya, em conjunto com brasileira Lellê, no primeiro dia de RIR, foi “brutal” e que, se a artista organizar o trabalho no Brasil, será “perfeito” para o seu futuro.
O primeiro fim de semana do festival, entre 26 e 29 de setembro ficou marco pela chuva, no entanto, segundo Roberta Medina, as condições atmosféricas “não atrapalharam porque o povo é muito guerreiro” e “não arredou pé”.
(Por: Diana Bento Silva da agência Lusa)
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