A organização do Festival MIMO enviou uma nota às redações demonstrando-se "estupefacta" com as declarações que o presidente da Câmara Municipal do Porto deu sobre a realização de uma segunda edição na cidade.

"Estamos perante acusações gravíssimas e sem qualquer fundamento e que atentam de forma inaceitável e injusta contra a imagem do festival e de quem o organiza – com todos os prejuízos reputacionais e económicos que daí podem decorrer -, pelo que não se afasta para já o recurso às diligências judiciais que se entendam necessárias e adequadas ao ressarcimento dos danos provocados", dá conta o comunicado enviado esta tarde às redações.

Na reunião de Câmara de ontem, Rui Moreira afirmou que a autarquia se recusa a "organizar mais" o festival MIMO devido ao "incumprimento" das normas que estavam estabelecidas por parte dos organizadores. "Nós não vamos organizar mais o MIMO, exatamente porque os organizadores do festival incumpriram com aquilo que eram as normas que estavam previamente estabelecidas (...). Nós este ano recusamos o festival MIMO", afirmou o autarca, citado pela agência Lusa, depois de, no período dedicado à intervenção do público, na reunião do executivo, uma cidadã ter criticado o festival e o seu impacto no centro da cidade.

Em resposta, a organização do MIMO diz que não tinha conhecimento de qualquer recusa por parte do autarca até porque, diz, "não existir sequer alguma proposta".

Ao SAPO24, fonte próxima do presidente da Câmara do Porto diz que "não houve proposta, porque a tentativa da mesma foi logo recusada à partida".

"Houve uma tentativa de reunião na Ágora, mas nós recusamos logo uma reedição", conta a mesma fonte. Entre as razões que levaram a não renovar estão "um incidente num dos palcos montados no Jardim das Virtudes, onde estava acordado que a música terminasse à uma da manhã, mas tal não se verificou.

A policia foi chamada ao local e teve mesmo de desligar a música pois o pedido não estava a ser acatado pelo DJ", disse a mesma fonte, concluindo que a organização do festival "não cumpriu com o acordado".

O Festival MIMO realizou-se, durante quatro anos consecutivos, em Amarante, com a primeira edição, em 2016, a atrair dezenas de milhares de pessoas, o que se repetiu até 2019.

Em maio de 2020, foi decidida pela Câmara de Amarante a não adjudicação no procedimento destinado à contratação de duas edições do Festival MIMO (2020 e 2021), uma vez que, segundo a versão da autarquia, "fruto da pandemia gerada pela covid-19, não podia o município realizar o evento, particularmente a edição prevista para julho de 2020".

Mas a decisão da autarquia foi impugnada em tribunal pela empresa promotora do MIMO, tendo a instância judicial decidido condenar a câmara a retomar a tramitação procedimental pré-contratual.

Em 2022, o Festival MIMO mudou-se de Amarante para o Porto, cidade onde a diretora do evento, Lu Araújo, sempre desejou realizar um MIMO, festival que nasceu há 18 anos no Brasil.

*com Lusa