Com curadoria do diretor do museu, Philippe Vergne, a exposição, organizada pela artista em parceria com o The Broad Art Foundation, de Los Angeles, não apresenta a obra de Sherman por ordem cronológica, mas “por narrativas” que permitem a cada visitante “criar a própria história” do autorretrato que contemplam.

“Ao longo de toda a exposição, há sempre alguém a olhar para o visitante, os autorretratos olham para o visitante, confrontam-no”, explicou o curador, que é também diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, numa visita guiada para jornalistas.

Pelas salas do museu, que sofreram uma transformação para receberem esta exposição, de forma a criar um “cenário teatral”, as imagens de Cindy Sherman estão organizadas por séries e exploram vários temas e técnicas.

“Uma das particularidades da obra desta artista é que ela não dá nome a nenhuma das suas obras de forma intencional, para que cada um crie a sua narrativa aberta de criação de cada história sem a influência de um título”, explicou Philippe Vergne.

Cindy Sherman destaca-se por ser modelo dos seus retratos, nos quais recria estereótipos femininos: “Por exemplo, há uma série dedicada a retratar como a mulher foi objetificada pela máquina da distribuição de filmes que escolhe as imagens para a promoção dos filmes”, apontou o curador.

Segundo Philippe Vergne, grande parte da obra da artista “foi criada no seu estúdio, onde Cindy é fotógrafa, maquilhadora, cabeleireira, modelo”, com um percurso, numa primeira fase, dedicado ao analógico, depois à retroprojeção e, mai tarde, ao digital.

Outra característica que Philippe Vergne destacou foi “a quase ausência de sorrisos” nos retratos: “São quase sempre mulheres com a chamada ‘poker face’, uma quase ausência de expressão nas personagens que retrata, ninguém em especial mas sim um género”.

A exposição em Serralves abre hoje e, até 16 de abril o visitante pode ver, interpretar e “criar histórias” de cada uma das imagens da mostra, desde fotografias de palhaços, pretensas figuras históricas, cenas de acidentes, personagens sobrenaturais, mulheres fatais ou em cenas domésticas, em poses românticas ou não, como nas “Sex Pictures” (1992), resultantes de um processo em que progressivamente o corpo da artista foi sendo substituído por mamas falsas, excrescências humanas, fluidos corporais, resíduos sexuais, próteses médicas…

“Metamorfoses” inclui as séries “Untitled Film Still” [Sem Título Film Still] (1983-1984), “Fashion” [Moda] (1983-84), “Bus Rider” [Passageiro de autocarro] (1976-2000), “The Fairy Tales” [Os contos de fadas] (1985), “The Disasters” [Os desastres] (1986-89), “The Historical Portraits” [Retratos históricos] (1988-90), “Sex Pictures” [Imagens sexuais] (1992), “Horror and Surrealistic Pictures” [Imagens de horror e surrealistas] (1994), “Masks” [Máscaras] (1995), “Broken Dolls” [Bonecas desmembradas] (1999), “The Hollywood/Hampton Ladies Portraits” [Retratos de senhoras de Hollywood e dos Hamptons] (2000), “The Clowns” [Palhaços] (2003-05), “Society” [Sociedade] (2008).

A mostra termina com um mural fotográfico, de quatro metros de altura, criado pela artista especialmente para esta exposição e que é “intencionalmente visível” dos jardins que rodeiam o Museu de Serralves.

“São pessoas que podemos encontrar ali nos jardins”, explicou Vergne.

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