Sultan bin Muhammad Al Qasimi tem 84 anos e é há mais de 50 o líder de Sharjah, o terceiro maior emirado dos Emirados Árabes Unidos. Se Dubai é uma localização bastante conhecida e associada a luxo e consumo, Sharjah distingue-se por ser um destino mais pacato e e um lugar de cultura e educação, nomeadamente bibliotecas e museus.

O atual líder nasceu em 1939, em plena eclosão da 2ª Guerra Mundial. À época, Sharjah alojou uma base das forças aéreas britânicas que terá tido um papel importante no esforço de guerra, o que talvez também explique que tenha sido em Sharjah que se localizou o primeiro aeroporto dos Emirados Árabes Unidos modernos.

Após a guerra, o hoje emir concluiu o ensino secundário em Sharjah e no Kuwait e realizou estudos de pós-graduação durante a década de 1960 no Cairo

Depois de, em 1968, a Grã-Bretanha anunciar que deixaria o Golfo Pérsico, Sharjah juntou-se, em 1971, aos Emirados Árabes Unidos e Sultan bin Muhammad Al Qasimi tornou-se Ministro da Educação.

Desde então, tornou-se um líder na vanguarda do desenvolvimento cultural, económico e social do emirado, com prioridade para a educação. Alguns dos principais centros artísticos e museus da região, como a Fundação de Arte de Sharjah, o Museu de Civilização Islâmica de Sharjah, o Centro de Arte Maraya e a Fundação de Arte Barjeel, localizam-se no emirado que também acolhe instalações como a Sala de Chuva (Rain Room é uma instalação que já esteve em exibição em vários museus do mundo).

Edifícios antigos como o "Flying Saucer" foram restaurados e transformados em centros de arte e espaços comunitários

E, claro, há as bibliotecas. Várias, mas talvez a mais impressionante seja a "House of Wisdom" inaugurada em 2020.

Sharjah foi declarado pela a Unesco "capital cultural do mundo árabe" em 1998 e "capital mundial do livro" em 2019.

É agora também parte da revitalização de uma das mais emblemáticas bibliotecas portuguesas, a Biblioteca Joanina, na Universidade de Coimbra.

A construção da Biblioteca Joanina Digital (Joanina Digital Library) – que, até 2030, deverá integrar as cerca de 30 mil obras centenárias guardadas no piso nobre [principal] da biblioteca – avançará no âmbito de uma parceria com a Autoridade Literária de Sharjah (Sharjah Book Authority – SBA), que vai financiar o projeto com perto de oito milhões de euros (numa ação com o alto patrocínio do chefe de Estado de Sharjah, o Xeque Sultan bin Muhammad Al-Qasimi, distinguido em 2018 como Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra).

O financiamento permitirá à biblioteca converter cerca de 50 por cento do seu arquivo de 60.000 volumes, que inclui documentos históricos inestimáveis, livros publicados entre os séculos XVI e XVIII e uma extensa coleção do Médio Oriente.

Esta iniciativa é a mais recente de uma série de colaborações culturais entre a universidade e os Emirados Árabes Unidos. Em novembro, o governante de Sharjah, Sheikh Sultan bin Muhammad al-Qasimi, recebeu uma delegação de Coimbra para assinalar a presença da universidade na Feira Internacional do Livro de Sharjah.