“A arte bruta é um diamante que nunca foi talhado”, disse hoje o curador da exposição, António Saint Silvestre, durante uma visita de imprensa à quela que definiu desde logo como “a maior mostra de Arte Bruta realizada na Península Ibérica”.

Intitulada “Portreto de La Animo Art Brut etc.” a mostra é inaugurada pelas 18:00 de quinta-feira, abre ao público no dia seguinte e ficará patente no Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) até 12 de novembro.

Em 1945, o artista francês Jean Dubuffet apelidou de arte bruta a produção artística que não se enquadrava nos conceitos tradicionais artísticos, liberta dos cânones e das influências formativas.

A arte bruta teve expressão relevante em pessoas marginalizadas, como prisioneiros, pacientes com doença mental e sintomas psicóticos, recordou o curador.

A mostra é composta por cerca de 150 obras de 99 artistas, a maioria das quais só foram encontradas depois de os artistas morrerem.

“Portreto de La Animo Art Brut etc” resulta do encontro entre as obras do acervo do MNSR e da coleção Treger Saint Silvestre, em depósito no Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira, no distrito de Aveiro.

Também presente na visita, a diretora deste centro, Andreia Magalhães, afirmou que a coleção Treger Saint Silvestre está, desde 2014, em depósito de longo prazo em São João da Madeira, num acervo que junta mais de 1.500 peças, reunidas ao longo de 40 anos por Richard Treger e António Saint Silvestre.

“Esta é uma área emergente”, destacou Andreia Magalhães.

O diretor do MNSR, António Ponte, salientou “o significado” desta exposição que convoca o debate a reflexão sobre a saúde mental, ao abrigo do eixo programático em curso “Arte&Saúde”.

“Importa colocar os museus a discutir a saúde mental”, considerou, acrescentando que o museu, enquanto espaço de discussão, deve “assumir um papel central na discussão da contemporaneidade”.

Também o presidente da Câmara de São João da Madeira, Jorge Sequeira, destacou o objetivo desta exposição ao abordar a Arte Bruta, área “de grande importância cada vez mais objeto de estudo e de análise”.

Em exposição estão obras de artistas como Abraham Hadad, Aloïse Corbaz e Aurel Iselstöger, bem como descobertas mais recentes como Guo Fengyi, Eugene Von Bruencheinhein e Jaime Fernandes, um dos mais destacados autores da arte bruta em Portugal, que esteve no centro do documental “Jaime”, de António Reis e Margarida Cordeiro.

A par da exposição, está previsto um ciclo de conversas sobre arte na saúde mental e na reabilitação psicossocial, visitas guiadas e orientadas, assim como atividades com comunidades educativas e unidades de saúde.

A mostra conta com o apoio da Fundação Millenium BCP, da Lusitânia Seguros e do Círculo Dr. José de Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.