A partir da tradução de Alberto Pimenta, esta é 107.ª produção do Teatro das Beiras, companhia de teatro profissional com sede na Covilhã, distrito de Castelo Branco, e centra-se na história de um grupo de artistas que ensaia repetidamente o "Quinteto da Truta", sem nunca conseguir executá-lo como pretendido.
Guiados por "Garibaldi", que leva a exigência ao limite, as figuras da "palhaça", da "neta", do "malabarista" e do "domador" repetem todos os dias as tentativas falhadas.
Uma repetição para salvaguardar a permanência na vida, mas com a qual as personagens desgastam as suas próprias relações, como refere Nuno Carinhas.
"Os artistas odeiam-se entre si, não se entendem, embora precisem uns dos outros, para tocar em conjunto, para continuarem vivos. Continuando a ensaiar o ‘Quinteto da Truta'", resume a sinopse da peça.
Com uma interpretação rica em emoções, as personagens mostram também as dificuldades que os artistas enfrentam: o treino permanente, a procura pelo rigor e pela perfeição, a resiliência e a persistência.
"A Força do Hábito" afirma-se como uma homenagem do autor à gente do teatro, do circo e da música, ao mesmo tempo que permite uma reflexão sobre a existência e as semelhanças com a vida em sociedade.
"Quantas vezes somos forçados a fazer coisas que não nos apetece nada fazer, mas que, por outro lado, temos de fazer por uma questão de sobrevivência ou por uma questão de bom senso?", fundamenta Nuno Carinhas.
Lembrando que não foi escrita neste contexto, o encenador também encontra em “A Força do Hábito" um paralelismo com o momento de pandemia que se vive.
"Isto toca nas fronteiras da vida, nas fronteiras das coisas que são essenciais e, obviamente, que quando vivemos uma pandemia também sentimos que estamos à beira de fronteiras que nunca foram experimentadas", resume o antigo diretor artístico do Teatro Nacional São João.
Apesar das restrições impostas pela covid-19, a companhia optou por não suspender a peça, de modo a cumprir a calendarização com a Direção-Geral das Artes e a dar um sinal aos espectadores, respeitando as regras das entidades de saúde, explicou o diretor do Teatro das Beiras, Fernando Sena.
A lotação da sala foi reduzida para metade e os horários dos espetáculos alterados.
A estreia está marcada para sexta-feira, dia 20, às 20:45, horário que se repete nos dias 25, 26 e 27.
Já nos dias 21 e 22 (sábado e domingo), sobe à cena às 11:00.
A interpretação é de Fernando Landeira, Roberto Jácome, Sílvia Morais, Susana Gouveia e Tiago Moreira, a cenografia e figurinos ficaram a cargo de Luís Mouro, o desenho de luz é de Fernando Sena, o apoio musical de Rogério Peixinho e Maria Gomes, e a produção de Celina Gonçalves.
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