“Havemos de chegar a um ponto em que não somos só nós a deslocar-nos [a Cabo Verde], era também importante que os artistas cabo-verdianos fossem apresentar as suas obras a Portugal. Fazemos muita força para que isso aconteça e, no que depender de nós, estaremos sempre disponíveis”, disse a formadora Cláudia Jardim, que é atriz e diretora artística da companhia.
“Acho que o mais difícil é coordenar agendas e financiamento, mas como somos teimosos, vamos conseguir”, referiu.
Através de uma parceria entre o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde e o Teatro Praga, 14 adultos e 15 crianças começaram na segunda-feira a frequentar formação teatral gratuita na cidade da Praia que decorre até dia 12.
O Palácio da Cultura Ildo Lobo, no centro da capital do país, foi o local escolhido para esta ação, que é também ministrada pelo professor de artes performativas na Escola Superior de Teatro e Cinema (Portugal), Diogo Bento.
Entre os formandos cabo-verdianos, há professores de teatro, atores, amantes das artes cénicas, crianças e adolescentes.
Para as crianças, os objetivos são menos técnicos: será uma oportunidade para terem contacto com o teatro, entre brincadeiras, diversão e dança.
Já para os mais velhos, entre atores e outros com a curiosidade de experimentar o teatro, os programas são mais alargados.
Além de técnicas de atuação, aborda-se a história e a cultura, de Cabo Verde e de Portugal.
São ainda aprofundados temas da história da arte, teoria e prática da atuação, direção, cenografia, dramaturgia e produção teatral.
“A única coisa que podemos fazer é partilhar a nossa metodologia de trabalho e tem sido incrível, porque as pessoas são muito generosas, ao partilhar connosco. Estamos muito felizes”, sublinhou Cláudia Jardim.
A formação é também uma “oportunidade de conhecer outra maneira de trabalhar, de trocar experiências”.
“Toda a gente faz parte da decisão, ou seja, tudo o que é apresentado, é decidido por todos”, referiu.
Por enquanto, a formação só decorre na cidade da Praia, mas o objetivo é poder chegar a outras ilhas.
Natalina Graça, amante do teatro, que participa na formação, contou à Lusa que está “muito satisfeita” com a oportunidade.
“Estamos a criar uma noção daquilo que vai acontecer daqui para frente, a conhecer-nos uns aos outros e aos nossos sentimentos, para depois trabalharmos tudo isto, na prática”, explicou.
Dos poucos dias de formação, Natalina disse que já consegue “unir” os dois países (Portugal e Cabo Verde) em termos culturais e até ajudar na criação de uma peça.
“Eu gostava de, um dia, participar numa peça teatral. De começar a fazer teatro”, concluiu.
Amilton Lopes, outro formando, quer “ganhar bagagem” para poder levar a palco “boas mensagens e aprendizagens”.
O Teatro Praga existe desde 1995 e está sediado em Lisboa.
Colabora regulamente com diversas organizações culturais em Portugal e no estrangeiro, somando presenças em festivais de diversos países.
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