Quando estreou durante a pandemia, “The White Lotus” foi um sucesso imediato. Há mais de um ano que os sucessivos confinamentos impediam que pudéssemos circular como estávamos habituados e, de repente, aparece uma série que nos faz pensar sobre o mundo através de pessoas a passar férias ou trabalhar num resort de luxo (onde todos queríamos estar). A primeira temporada passou-se no Hawai e centrou-se principalmente no tema do dinheiro e poder. A segunda viajou para a Sicília, em Itália, e explorou mais a forma como as pessoas se relacionam. Na terceira, que estreou esta semana na Max, o palco é a Tailândia e tudo indica que o destaque vai para a religião.

Mas a verdade é que a série está longe de ser unidimensional no que diz respeito aos temas em que toca. A base é sempre a mesma: um conjunto de famílias ou casais vão uma semana de férias para um resort e nos primeiros minutos descobrimos rapidamente que uma ou mais destas pessoas vai morrer a determinada altura, só não sabemos como. A receita de “The White Lotus” tem sido consistente: mostra-nos um ambiente relativamente banal em que é díficil imaginarmos o que de mal podia acontecer, até começarmos a conhecer melhor as diferentes personagens. As suas motivações ou traumas não são necessariamente os mesmos, mas há um certo fio condutor que as leva ao tal principal tema, mas que também permite desvios para outra coisas, ou não fossem as férias a melhor altura para ler um bom livro, conhecer pessoas novas ou só ter um novo olhar para a vida que nos faz redefinir prioridades.

Essa é a beleza da série de Mike White. Num espaço relativamente aborrecido em que as principais atividades são dar um mergulho na piscina, receber massagens, dar passeios, comer ou fazer uma sesta, parece estar sempre algo a acontecer. O primeiro episódio da terceira temporada continua com esta tradição. Há famílias insuportáveis, há casais disfuncionais, há amigas de longa data, há pessoas que parecem ter algum bom senso e há alguém que vai acabar morto.

O que disse adeus foi a popular intro que todos os fãs associavam à série.

Foi utilizada em material promocional, foi utilizada em milhares de tiktoks e reels de utilizadores e entrou diretamente para o ranking dos melhores jingles da história da televisão. Apesar de “The White Lotus” não ser uma série convencional, na medida em que a maior parte das personagens muda de temporada para temporada, a “intro” já fazia parte da identidade da série e do ritual de a começar a ver logo depois do “coro” da HBO. Era uma experiência semelhante à que “Guerra dos Tronos” ou “Succession” já tinham sido capazes de criar e que ao longo das suas temporadas nunca abdicaram. No caso da primeira, até o spin-off manteve a mesma música para não afastar a base de fãs.

Para quem não se recorda (será possível?), é esta a música do genérico das temporadas 1 e 2 de White Lotus.

Por isso, é normal que muitos fãs de “The White Lotus” tenham achado estranha esta decisão. Mas a verdade é que, tal como a maior parte das séries de antalogia, a série da HBO tem o desafio de se reinventar todas as temporadas para não parecer repetitiva e talvez mudar a “intro” faça parte desse processo. Deste lado, vamos ter saudades de começar cada episódio com um “tururu” (ou qualquer representação que achem mais adequada).

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“Quais são as melhores intros de sempre?”

Provavelmente, vai ser impossível chegar a um consenso quanto a isto. Há três anos, a Rolling Stone procurou fazer um ranking das 100 melhores, mas mesmo esse é discutível.

Aqui estão as posições no ranking de algumas das séries mais conhecidas.

#8 Friends

#9 The O.C

#11 Game of Thrones

#14 The Wire

#18 The Simpsons

#19 The Sopranos

#25 Succession

#35 Twin Peaks

#39 The X-Files

#41 Sexo e a Cidade

Parece, de facto, haver uma correlação entre qualidade da série e a qualidade do jingle.

Quais são as vossas “intros” favoritas? Digam tudo nos comentários.