“A entrevista [ao presidente do BdP, Carlos Costa] não responde a duas questões centrais que o PCP colocou. Em primeiro, no momento da sua recondução, afirmámos que não reunia condições para continuar a exercer o mandato e depois não se pode iludir outra questão central. Podemos meter quem quisermos no Banco de Portugal mas isso precisa sempre da chancela do Banco Central Europeu”, afirmou Jerónimo de Sousa, à margem de um almoço comemorativo do Dia da Mulher que decorreu na Moita, distrito de Setúbal.
O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, desvalorizou um relatório que colocava em causa a continuidade dos administradores do BES e sugeria o afastamento do presidente, garantindo que a lei não lhe permitia retirar a idoneidade a Ricardo Salgado.
Numa entrevista ao jornal Público, o governador do Banco de Portugal defendeu-se da polémica em relação à atuação do BdP no caso do Banco Espírito Santo (BES) gerada na semana passada após uma reportagem da SIC que dava conta de uma nota interna de técnicos do banco que punha em causa a continuidade de quatro administradores do BES e sugeria o afastamento imediato de Ricardo Salgado.
Jerónimo de Sousa afirmou que o Banco de Portugal “é uma dependência do Banco Central Europeu”, considerando que as escolhas para um “cargo tão importante” estão limitadas.
“Quando devia ter sido impedido de continuar as suas funções, isso não foi feito. PSD e CDS insistiram na solução e a vida provou que foi uma opção errada. Andamos à cata da melhor solução para o governador sabendo nós que a palavra salomónica é do BCE. Temos que recuperar a soberania”, salientou.
O secretário-geral do PCP referiu depois que houve uma “ausência de fiscalização e intervenção” no caso do antigo BES.
“Só depois do colapso do BES é que surgiram votos de arrependimentos e amarguras. Houve responsabilidade na falta de atuação no momento certo para impedir este descalabro e este caos no antigo BES”, frisou.
Sobre a possibilidade de ver uma mulher no cargo de Governadora do Banco de Portugal, Jerónimo de Sousa defendeu que o principal critério deve ser a competência.
“Uma mulher ficaria bem, tal como um homem, a questão é a competência. Imaginem que o BCE não admite uma mulher, isto é inaceitável, deveríamos ser nós a escolher”, concluiu.
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