“Vamos continuar até que seja restabelecido o fio constitucional, que regresse a democracia e que Nicolás Maduro deixe o poder. É o nosso futuro e do país que está em jogo”, explicou um manifestante à agência Lusa.
José Monsalve, 23 anos, estudante de arquitetura, foi um dos milhares de venezuelanos que esta segunda-feira foram fortemente reprimidos pela polícia, em Chacaíto, quando pretendia marchar contra a Assembleia Nacional Constituinte.
“Todos os meus companheiros concordam que agora, mais do que nunca, é preciso intensificar os protestos. Isso será uma batalha longa, mas com persistência haverá mudança de Governo”, frisou.
Em vários locais de Caracas, durante várias horas, os manifestantes resistiram aos ataques com gás lacrimogéneo. Uma “batalha” para a qual grupos de venezuelanos se munem com capuzes, lenços, roupa grossa, vinagre, ‘coctails molotov” (explosivos caseiros), latas de pintura e, nalguns casos, até máscaras antigás.
Pelo caminho enchem as mochilas com pedras e até há quem leve bolsas plásticas com excrementos, explicou um manifestante, enquanto cobria a cara, antecipando “um ataque”.
Algumas zonas de Caracas pareciam, segunda-feira, uma guarnição. Em várias esquinas haviam oficiais da Polícia Nacional Bolivariana, para qualquer ligar para onde se olhasse. Na emblemática Avenida Libertador e na Auto-estrada Francisco Fajardo filas de viaturas militares esperavam os manifestantes.
Além de Chacaíto (leste), em El Paraíso (oeste) e nas avenidas Vitória e José António Paez, ambas a oeste, a polícia impediu os manifestantes de entregarem uma carta contra a criação da Assembleia Constituinte, ao ministro de Educação, Elías Jaua, que também é presidente da comissão presidencial para a Constituinte.
Com o Metropolitano encerrado quase na totalidade e com poucos autocarros a circular, as ruas de Caracas, registaram na tarde de segunda-feira uma inusitada afluência de pessoas, caminhado apressadamente, tentando encurtar a distância até casa, depois de uma jornada de trabalho.
Além da capital, em cidades como Mérida, Barquisimeto, Maracaibo, Valência e Maracay, entre outras, as manifestações foram reprimidas pelas autoridades.
Desde há cinco semanas que se intensificaram, na Venezuela, as marchas a favor e contra o Presidente venezuelano, tendo já provocado pelo menos 37 mortos e mais de 600 feridos.
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