Cerca de 1700 militares estão envolvidos no CONTEX-PHIBEX, o maior exercício naval multinacional dos últimos dois anos organizado pela Marinha Portuguesa e que conta também com as marinhas de Espanha, França, Itália e Estados Unidos da América, que começou já no dia 17 de junho – a fase de mar arrancou dois dias depois – e só termina hoje.
Na segunda-feira, o dia começou cedo, pelas 06:00, e o “prato forte” foi o disparo de mísseis `sea sparrow´ – três, no total, divididos em dois exercícios -, movimentações que foram acompanhadas de perto pelo Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Mendes Calado, e pelo Comandante naval, vice-almirante Gouveia e Melo.
“A Marinha não disparava mísseis `sea sparrow´ há mais de 10 anos e hoje [segunda-feira passada] disparámos três mísseis, com sucesso. Utilizámos os nossos sistemas de armas com a tranquilidade que eu admiro e que aprecio. Estou satisfeito com aquilo que vi na força naval e penso que a Marinha estará pronta para as missões que são esperadas no futuro próximo”, disse aos jornalistas o CEMA, visivelmente satisfeito, no final dia, a bordo da fragata Corte-Real, navio que comanda a Força Naval Europeia (EUROMARFOR) durante o exercício.
Antes do “epicentro” da ação estar na Corte-Real, foi a fragata Álvares Cabral que concentrou todas as atenções para o lançamento matinal de um míssil e, depois, de diversos tiros da peça de artilharia de 100 mm que tinha como alvo um antigo navio da Marinha, o Bacamarte.
“Hit”, ouviu-se pelos altifalantes na asa da ponte da fragata, depois do disparo do míssil, antecedido da devida contagem decrescente – tal como se vê nos filmes - quando os olhos do CEMA e de todos os presentes estavam no Bacamarte, que depois de atingido repousa agora no fundo das águas do Atlântico, tendo sido devidamente preparado para o afundamento.
“Nós estamos em modo treino, mas nós treinamos como combatemos para um dia combater como treinamos, ou seja, para que tudo seja fácil no dia em que tivermos de agir em termos reais”, explicou aos jornalistas, no final desta parte do exercício, o comandante naval.
A importância do exercício, segundo Gouveia e Melo, “tem a ver com o treino e com a certeza das capacidades” da força naval porque quando estas capacidades não são usadas nem empregadas nunca se sabe se vão ou não falhar, caso um dia sejam necessárias.
“O país não espera, com todos estes investimentos que faz na Marinha, que a Marinha falhe num momento em que mais necessita disso”, justificou.
Depois do almoço e dos necessários transbordos usando semirrígidos entre as fragatas, da Corte-Real voltou a assistir-se ao lançamento de dois mísseis, cujos alvos eram drones, de cor laranja, que simularam “perfis de aeronaves em ataque aos navios de superfície” e que pretendiam dificultar, e muito, a vida à força naval.
Não foi possível avistar o cruzamento entre mísseis e drones – o tempo e as nuvens não ajudaram -, mas a Marinha garantiu o sucesso da operação uma vez que se os drones tivessem a dimensão de uma aeronave teriam sido atingidos.
Ao final do dia, e já depois do regresso ao recente navio-patrulha oceânico Setúbal – que serviu de quartel-general e “casa” aos jornalistas que acompanharam este exercício – foi possível ver um dos drones a ser recuperado, enquanto um segundo estava ainda em parte incerta.
Questionado sobre o porquê da Marinha Portuguesa ter ficado tanto tempo sem fazer treinos com mísseis, o CEMA justificou com “questões de oportunidade e questões de prestação de treino em áreas não combatentes em que a Marinha se viu envolvida”.
“Daí que estamos neste momento no esforço de recuperar essa capacidade de combate no sentido de ganharmos novas perícias e novas competências no sentido de aprontarmos agora a nossa força para novas exigências que se possam vir a colocar no futuro”, antecipou, prevendo-se assim que não passe outra década sem que a Marinha Portuguesa volte a lançar mísseis.
Comentários