“A área coberta pelos levantamentos deste ano foi superior a 90.000 quilómetros quadrados. Mas, muito mais há a fazer. Para já foi possível mapear com muito mais resolução e mais rigor áreas consideráveis, em concreto a sul de São Miguel. Depois, obviamente que iremos continuar este trabalho por outras áreas”, afirmou o diretor-geral do Instituto Hidrográfico, o contra-almirante António Coelho Cândido.
O responsável falava, em declarações aos jornalistas, em Ponta Delgada, na Universidade dos Açores, à margem da apresentação dos trabalhos realizados pelo D. Carlos I no mar dos Açores, no âmbito do projeto de mapeamento do mar português.
Durante a investigação, o navio usou um sistema moderno de sondador multifeixe de grandes fundos, para a aquisição de dados de profundidade, tendo sido efetuados levantamentos hidrográficos ao largo dos grupos central (Pico, Faial, Graciosa, São Jorge e Terceira) e oriental (Santa Maria e São Miguel), incluindo ainda zonas costeiras, nomeadamente ao largo do ilhéu das Formigas e Mosteiros, assim como levantamentos multifeixe e topográfico do porto da Praia da Vitória, na ilha Terceira.
O diretor-geral do Instituto Hidrográfico disse que, apesar da vasta área coberta pelos levantamentos desta missão, no caso dos Açores, há ainda muita área para investigar, acrescentando que serão necessários cerca de 10 anos com um navio para mapear toda a zona do arquipélago.
“Tivemos um empenhamento grande este ano nos Açores com a presença de um navio hidrográfico, em colaboração com as estruturas regionais, o que permitiu otimizar o tempo de permanência” da embarcação na região, salientou, destacando a parceria com a Universidade dos Açores nesta missão, já que o navio D.Carlos I recebeu também uma equipa de alunos e investigadores da academia açoriana que acompanharam e realizaram trabalhos de apoio à comunidade científica.
Adiantou que o planeamento deste projeto para 2018 prevê ter dois navios hidrográficos, o D.Carlos I e o Almirante Gago Coutinho, durante seis meses, entre maio e outubro, em períodos alternados no arquipélago.
O responsável realçou que, para “este grande projeto de mapeamento do mar português, é fundamental a colaboração entre todas as estruturas e, neste caso concreto, entre a Marinha através do Instituto Hidrográfico, o Governo Regional e a Universidade dos Açores”.
O secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia, referiu que, além da utilidade do levantamento hidrográfico, esteve também em causa algum trabalho em termos da biodiversidade do mar profundo dos Açores.
"Temos uma vasta área por descobrir e, portanto, o potencial de descoberta é muito grande, nomeadamente ao nível da biodiversidade e dos organismos de profundidade que eventualmente têm um potencial grande ao nível de recursos para utilização em biotecnologia", sublinhou Gui Menezes.
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