Os representantes aprovaram uma extensão do orçamento de quatro semanas, até 16 de fevereiro, por 230 votos contra 197.

O Senado deve votar o projeto até a meia-noite de sexta-feira - véspera do primeiro aniversário do governo de Donald Trump - para evitar a paralisação do governo federal, mas os senadores democratas parecem dispostos a bloquear a medida.

"A Câmara fez o certo para nossos homens e mulheres de uniforme e para as milhões de crianças que beneficiam do CHIP", o programa de saúde pública para os menos favorecidos, declarou o presidente da Casa, Paul Ryan.

Ryan pediu aos senadores democratas "que façam o correto para o povo americano".

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, afirmou que, se não houver um acordo até a noite de sexta, deve ser procurada uma medida de muito curto prazo para "dar ao presidente alguns dias para se sentar à mesa".

Já o líder da maioria republicana, Mitch McConnell, apontou que o projeto aprovado pela Câmara estende quatro semanas de financiamento, o suficiente para prosseguir as negociações "sem necessidade de lançar o governo em uma confusão".

Trump passou esta quinta-feira envolvido em negociações intensas para alcançar um acordo orçamentário no Congresso, impondo condições e causando confusão em seu próprio partido.

A última paralisação parcial do governo ocorreu em 2013, na administração de Barack Obama, quando milhares de funcionários ficaram em casa por mais de duas semanas.

Trump alertou que uma paralisação seria "devastadora" para o governo e rejeitou uma solução temporária para o programa federal de seguro de saúde para crianças pobres (CHIP, em inglês), que legisladores governistas querem renovar por seis anos para agradar à oposição democrata e facilitar as negociações.

Os republicanos, que dominam o Senado e a Câmara, querem um orçamento para 2018 que aumente a despesa militar. Esta é uma das promessas de campanha de Trump, que considera que as Forças Armadas têm equipamentos insuficientes após mais de 16 anos de guerra ininterrupta.

"Estamos a reconstruir o nosso Exército, e isto seria o pior para ele", disse o presidente em visita ao Pentágono.

Em troca de seu voto, a oposição democrata exige uma solução para os "dreamers", jovens que entraram nos Estados Unidos ilegalmente quando eram crianças e que correm risco de deportação após Trump revogar, em setembro do ano passado, o programa Daca da era Obama, que lhes garantia residência temporária.

Pelo Twitter, Trump pressionou o Congresso e os democratas, acusando-os de obstrução. O presidente norte-americano disse também que o CHIP "deve fazer parte de uma solução a longo prazo, não de uma extensão de 30 dias, ou de curto prazo".

"Evitar o caos"

O projeto de orçamento negociado no Congresso "inclui uma extensão do CHIP por seis anos, e não 30 dias", respondeu o senador republicano John Cornyn no Twitter.

Mas a proposta não parece satisfazer os democratas.

"Queríamos dez anos, queríamos um CHIP, que, por sinal, poupou 6 mil milhões de dólares, definitivo, e os republicanos recusaram", disse a líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi.

Os republicanos concordaram em resolver a situação dos "dreamers", que permaneceram no limbo e, a partir de março, podem ser deportados.

Mas Trump exige que qualquer lei sobre imigração inclua a votação de fundos para o muro da fronteira com o México, que prometeu construir durante a campanha eleitoral, assim como outras medidas anti-imigração.

"Se não há muro, não há acordo", afirmou o presidente pelo Twitter.

Os democratas, que se recusam a financiar o muro, para eles símbolo de uma política xenófoba, podem bloquear o projeto no Senado, onde é necessária uma maioria qualificada de 60 votos em 100.

Na noite de quarta-feira, porém, o senador republicano Lindsey Graham disse que os democratas tinham concordado com alguns aspetos do financiamento do muro.