“Não haverá melhor forma de homenagear o 25 de Abril e todos os que lutaram pela liberdade do que tudo fazer para continuar o seu sonho fundador: desenvolver o nosso país, melhorar a qualidade de vida do nosso povo, fortalecer a democracia e as liberdades e defender, até onde conseguirmos, a paz”, declarou a presidente da AML, Rosário Farmhouse (PS).

A sessão solene da AML de comemoração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 – Revolução dos Cravos, que pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal, contou com a intervenção dos deputados municipais, nomeadamente de PS, PSD, CDS-PP, PCP, BE, IL, Chega, PEV, Livre, PAN, PPM, MPT, Aliança e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), e do presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas (PSD).

Na cerimónia, que começou com um apontamento musical da banda do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa e a apresentação de filmes amadores rodados no período revolucionário, estiveram ainda presentes o secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias (PSD), o embaixador da Santa Sé em Portugal, Ivo Scapolo, embaixadores e membros do corpo diplomático, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge, e autoridades civis, religiosas e militares.

“O 25 de Abril abriu uma janela de oportunidade para todos os portugueses, mas em particular para as mulheres”, disse a presidente da AML, afirmando que a democracia atravessa “um dos períodos mais desafiantes da história”, inclusive devido ao impacto da guerra na Ucrânia e no Médio Oriente.

Considerando que ainda falta atingir os patamares de desenvolvimento que os fundadores do regime democrático almejavam, porque “o elevador social ainda está muito longe de garantir igualdade de oportunidades”, Rosário Farmhouse referiu que essa vulnerabilidade motiva “uma nostalgia de lideranças fortes e autoritárias, com discursos musculados de ordem e segurança”, pelo que é preciso “voltar a reafirmar Abril”.

O presidente da CML sublinhou que “a liberdade é um bem que tem de ser permanentemente protegido, cultivado e nutrido”, que vive da diversidade e que “não tem donos, porque se a liberdade tivesse donos, ela seria uma ditadura”.

“50 anos depois de Abril, a ameaça à liberdade volta a estar nos extremismos”, seja de forças políticas de esquerda ou de direita, alertou Carlos Moedas, acreditando que o futuro passa por “falar menos e fazer mais”, com “uma política feita para as pessoas, com as pessoas e ouvindo as pessoas”, “com os partidos ao serviço das pessoas e do país, e não as pessoas e o país ao serviço dos partidos”.

“Sempre houve várias tentativas de radicalizar Abril, mas os portugueses sempre optaram por querer um Abril moderado! Assim revela o símbolo maior de Abril, os cravos são o maior símbolo da paz e da não violência. A não violência impôs-se sobre a luta e o radicalismo que muitos quiseram em momentos de toda a história, e é isso que hoje celebramos”, concluiu o autarca do PSD.

Na intervenção dos deputados, o PS manifestou confiança na democracia, apesar de se viver momentos de crise e incerteza, em que o desafio passa por “um Portugal europeu, tolerante, próspero, em que o elevador social funcione”.

Já o PSD realçou que Portugal ganhou a liberdade e o respeito pela dignidade humana nos últimos 50 anos, defendendo que Abril tem de continuar a representar pluralidade, mesmo que isso possa “encerrar perigos”, inclusive com o surgimento de novos partidos, em que “o povo é quem mais ordena”, e “não permitir que o ódio ganhe terreno”.

O CDS-PP defendeu a comemoração também do 25 de Novembro de 1975, que serviu para “defender e consolidar o 25 de Abril de 1974 como a data fundadora da liberdade e da democracia” e propôs a atribuição de um topónimo na cidade em homenagem a Diogo Freitas do Amaral, para reconhecer o papel que teve na democracia.

“25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”, afirmou o PCP, indicando que a democracia tem de ser defendida todos os dias, com a salvaguarda de direitos fundamentais, nomeadamente o acesso à educação, saúde e habitação.

O BE enalteceu as mulheres que lutaram pela liberdade, enquanto a IL assinalou a importância do 25 de Novembro de 1975 e reforçou a ideia de que “o 25 de Abril não é de esquerda nem de direita, é de todos e para todos”.

Apesar de reconhecer os avanços democráticos, o Chega criticou a opção pela “descolonização sem regras nem condições, preconizada pelo Partido Comunista Português a mando do imperialismo soviético”, e disse que hoje os cidadãos “não estão preocupados com o que aconteceu em 1974, estão sim preocupados em viver de forma digna, em segurança e sem corrupção”.

O Chega concluiu a intervenção com o lema do partido, adaptado do ditador Oliveira Salazar, “Deus, pátria, família, trabalho”, tendo sido vaiado pelos restantes deputados.