"Ilustre Presidente e querido Amigo, lamento não poder exprimir com a minha presença o apoio à sua decisão de celebrar na Assembleia da Republica a Revolução do 25 de Abril, mais ainda na data dos 45 anos da primeira eleição verdadeiramente democrática realizada em Portugal", escreveu Mota Amaral, numa mensagem enviada ao presidente da Assembleia da República (PAR), Ferro Rodrigues.

O ex-presidente do Governo Regional dos Açores justifica a sua ausência com as restrições impostas a viagens entre os Açores e Lisboa, devido ao surto pandémico da covid-19, sem deixar de agradecer o "gentil convite" que lhe foi enviado.

"E força para aguentar a crítica dos que não gostam do espírito de Abril!", remata o social-democrata, fazendo referência ao conjunto de acusações de que tem sido alvo relacionadas com as celebrações do 25 de Abril no parlamento.

Devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, a Assembleia da República decidiu na quarta-feira realizar a sessão solene do 25 de Abril no parlamento com um terço dos deputados (77 dos 230 parlamentares) e menos convidados, com o gabinete de Ferro Rodrigues a estimar que estejam presentes cerca de 130 pessoas, contra as 700 do ano passado.

A decisão da conferência de líderes teve o apoio da maioria dos partidos: PS, PSD, BE, PCP e Verdes. O PAN defendeu o recurso à videoconferência, a Iniciativa Liberal apenas um deputado por partido, enquanto o CDS-PP - que propôs uma mensagem do Presidente da República ao país - e o Chega foram contra.

Nos últimos dias tem-se intensificado a polémica à volta do tema, com duas petições 'online' em sentido contrário: uma que pede o cancelamento da sessão solene no parlamento, lançada há vários dias, e que recolhia por volta das 20:30 de hoje cerca de 87.500 assinaturas, enquanto outra que defende a celebração pela Assembleia da República, colocada 'online' no sábado, contava com mais de 18.700 subscritores, encabeçada por históricas figuras de esquerda como Manuel Alegre, Fernando Rosas e Domingos Abrantes.

No sábado, o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, anunciou que não iria à sessão solene do 25 de Abril no parlamento, por a considerar "um péssimo exemplo para os portugueses", e o deputado único do Chega, André Ventura, escreveu ao presidente do parlamento, pedindo a Ferro Rodrigues que cancele a sessão, dizendo que esta "está a gerar um enorme sentimento de revolta e indignação no povo português".

Em declarações ao jornal Público no sábado, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, assegurou que, "mais do que em qualquer outro momento, o 25 de Abril tem de ser e vai ser celebrado na AR".

"Celebrar o 25 de Abril é dizer que não sairá desta crise qualquer alternativa antidemocrática", afirmou a segunda figura do Estado.

Hoje, os serviços da Assembleia da República e representantes da Direção-Geral de Saúde vão ter uma "reunião de trabalho" sobre a sessão solene.

Portugal regista 735 mortos associados à covid-19 em 20.863 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

O país cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".

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